Segunda, 15 Dezembro 2014 12:06

Confucionismo - Ensinamento dos Sábios

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O confucionismo é um sistema filosófico chinês criado por Kung-Fu-Tzu. Entre as preocupações do confucionismo estão a moral, a política, a pedagogia e a religião. Conhecida pelos chineses com "ensinamentos dos sábios". Fundamentada nos ensinamentos de seu mestre, o confucionismo encontrou uma continuidade histórica única. Além de tradição religiosa, o confucionismo é considerado uma filosofia, ética social, ideologia política, tradição literária e um modo de vida. Confúcio, forma latina de Kung Fu Tsé, filósofo chinês do século VI a.C, compila e organiza antigas tradições da sabedoria chinesa e elabora uma doutrina assumida como oficial na China por mais de 25 séculos. Combatido como reacionário durante a Revolução Cultural chinesa (1966-1976), o confucionismo toma novo impulso após as recentes mudanças políticas no país. Atualmente, 25% da população chinesa declaram-se adeptos do confucionismo. A respeito de Confúcio, recorreremos aos Shih Chi (Registros Históricos) de Ssu-ma Ch’ien. Apresentamos a seguir alguns detalhes pessoais citados de uma tradução (para o inglês) do erudito chinês Lin Yutang: “Confúcio nasceu na cidade de Tsou, no condado de Ch’angping, no ducado de Lu. . . . [Sua mãe] orou na colina Nich’iu e gerou Confúcio em resposta à sua oração, no vigésimo segundo ano do duque Hsiang, de Lu (551 AC). Houve uma percebível convolução na sua cabeça por ocasião de seu nascimento, e foi por isso que ele foi chamado de ‘Ch’iu’ (que significa “colina”). Seu nome literário era Chungni, e seu sobrenome era K’ung.” Pouco depois de seu nascimento, seu pai faleceu, mas, sua mãe, embora pobre, conseguiu dar-lhe uma educação adequada. O menino desenvolveu profundo interesse em história, poesia e música. Segundo Os Analectos, um dos Quatro Livros do confucionismo, ele devotou-se a estudos eruditos ao atingir 15 anos de idade. Aos 17, deram-lhe um pequeno cargo governamental em seu estado nativo, Lu. Sua situação financeira evidentemente melhorou, de modo que ele se casou aos 19 anos, e teve um filho no ano seguinte. Mas, quando beirava os 25, sua mãe morreu. Isto evidentemente o afetou profundamente. Sendo meticuloso cumpridor de tradições antigas, Confúcio retirou-se da vida pública e pranteou sua mãe junto à sepultura por dois anos e três meses, dando assim aos chineses um clássico exemplo de devoção filial.

 

O Mestre Confúcio

 Depois disso, Confúcio deixou a família e assumiu a ocupação de mestre itinerante. Ele ensinava música, poesia, literatura, educação cívica, ética, ciência, ou o que quer que disso existisse naquele tempo. Deve ter-se tornado bastante famoso, pois, segundo se diz, chegou a ter numa ocasião nada menos de 3.000 alunos. No Oriente, Confúcio é reverenciado principalmente como mestre por excelência. De fato, a inscrição em sua sepultura em Ch’ü-fou, na província de Xantung, chama-o simplesmente de “Antigo Santíssimo Mestre”. Certo escritor ocidental descreve assim o seu método de ensino: “Ele caminhava de ‘lugar em lugar acompanhado dos que absorviam seus conceitos de vida’. Sempre que a jornada fosse mais distante ele ia de carro de boi. O passo lento do animal permitia que seus pupilos o acompanhassem a pé, e é evidente que o assunto de suas palestras não raro se inspirava em eventos que ocorriam a caminho.” É interessante que Jesus, numa época posterior, e independentemente, usou um método similar. O que fez de Confúcio um prestigiado mestre entre os orientais, foi, sem dúvida, o fato de que ele mesmo era bom estudante, especialmente de História e Ética. “As pessoas sentiam-se atraídas a Confúcio, não tanto por ser ele o homem mais sábio de sua época, mas porque era o mais culto erudito, o único de seus dias que podia ensiná-los a respeito dos livros antigos e da antiga erudição”, escreveu Lin Yutang. Indicando esse amor ao aprendizado como talvez a razão fundamental do triunfo do confucionismo sobre outras escolas de pensamento, Lin resumiu o assunto do seguinte modo: “Os mestres confucionistas tinham algo definido a ensinar e os discípulos confucionistas tinham algo definido a aprender, a saber, aprendizado histórico, ao passo que as outras escolas eram obrigadas a propalar as suas próprias opiniões.”

 

“É o Céu Que Me Conhece!”

Apesar de seu êxito como mestre, Confúcio não considerou o ensino como carreira vitalícia. Ele achava que seus conceitos sobre ética e moral poderiam salvar o mundo atribulado de seus dias, se tão-somente os governantes os aplicassem por contratar a ele ou a seus discípulos em seus governos. Para isso, ele e um pequeno grupo de discípulos mais íntimos deixaram seu estado natal, Lu, e passaram a viajar de estado em estado tentando encontrar o sábio governante que adotasse seus conceitos sobre governo e ordem social. Em que resultou? Shih Chi diz: “Por fim ele deixou Lu, foi abandonado em Ch’i, expulso de Sung e Wei, sofreu penúria entre Ch’en e Ts’ai.” Depois de 14 anos de jornada, ele voltou a Lu, desapontado, mas não combalido. No restante de seus dias, ele devotou-se à obra literária e ao ensino. (Veja quadro, página 177.) Embora sem dúvida lamentasse a sua obscuridade, ele disse: “Não murmuro contra o Céu. Não resmungo contra o homem. Dedico-me aos meus estudos aqui na terra, e estou em contato com o Céu acima. É o Céu que me conhece!” Por fim, no ano de 479 AEC, morreu aos 73 anos de idade.

 

A Essência dos Conceitos Confucionistas

Embora Confúcio se destacasse como erudito e mestre, sua influência de modo algum se limitava aos círculos acadêmicos. De fato, a meta de Confúcio não era apenas ensinar regras de conduta ou de moral, mas também restaurar a paz e a ordem na sociedade, que, na época, estava dilacerada pelas constantes guerras entre os senhores feudais. Para atingir tal alvo, Confúcio ensinava que todos, do imperador ao homem comum, tinham de aprender qual o papel que se esperava que cada um desempenhasse na sociedade e viver concordemente. No confucionismo, esse conceito é conhecido como li, que significa decoro, cortesia, a ordem das coisas, e, por extensão, ritual, cerimônia e reverência. Respondendo à pergunta: “O que é esse grande li?”, Confúcio explicou o seguinte: “De todas as coisas pelas quais as pessoas vivem, li é a maior. Sem li, não sabemos como conduzir uma adequada adoração dos espíritos do universo; ou como estabelecer a correta condição do rei e dos ministros, do governante e dos governados, e dos anciãos e dos mais novos; ou como estabelecer o relacionamento moral entre os sexos, entre pais e filhos e entre irmãos; ou como distinguir os diferentes graus de relacionamento na família. É por isso que um cavalheiro tem li em tão alta estima.” Ora, li é a regra de conduta pela qual um verdadeiro cavalheiro (chün-tzu, às vezes traduzido por “homem superior”) pauta todas as suas relações sociais. Quando todos se esforçam em fazer isso, “tudo se endireita na família, no estado e no mundo”, disse Confúcio, e é neste caso que se pratica o Tao, ou o caminho do céu. Mas, como é que se expressa o li? Isto nos leva a outro dos conceitos centrais do confucionismo — jen (pronuncia-se ren), humanitarismo ou amor pelos outros. Ao passo que li enfatiza a restrição através de regras exteriores, jen lida com a natureza humana, ou a pessoa interior. O conceito confuciano, especialmente conforme expresso pelo principal discípulo de Confúcio, Mêncio, é que a natureza humana é basicamente boa. Assim, a solução para todos os males sociais jaz no auto-aperfeiçoamento, e isso começa com educação e conhecimento. O capítulo inicial de The Great Learning (O Grande Aprendizado), diz: Quando se alcança o conhecimento verdadeiro, a vontade se torna sincera; quando a vontade é sincera, o coração é retificado . . . ; quando o coração é retificado, aperfeiçoa-se a vida pessoal; quando se aperfeiçoa a vida pessoal, a vida familiar é ajustada; quando a vida familiar é ajustada, a vida nacional é ordeira; e quando a vida nacional é ordeira, há paz neste mundo. Do imperador aos cidadãos comuns, todos têm de considerar o aprimoramento da vida pessoal como raiz ou fundação.” Vemos assim que, segundo Confúcio, a observância de li habilita as pessoas a se comportarem corretamente em todas as situações, e o desenvolvimento de jen faz com que tratem bondosamente todas as pessoas. O resultado, teoricamente, é paz e harmonia na sociedade. O ideal confuciano, baseado nos princípios de li e jen, pode ser resumido da seguinte maneira: “Bondade no pai, devoção filial no filho. Fidalguia no irmão mais velho, humildade e respeito no mais novo. Comportamento justo no marido, obediência na esposa. Consideração humana nos anciãos, deferência nos mais novos. Benevolência nos governantes, lealdade nos ministros e nos súditos.” Tudo isso ajuda a explicar por que a maioria do povo chinês, e mesmo outros orientais, dão tanta ênfase a laços familiares, a ser diligente, à educação e a conhecer e agir segundo a posição da pessoa. Para o bem ou para o mal, tais conceitos confucianos têm sido cravados profundamente na consciência chinesa através de séculos de inculca.

 

O Confucionismo Vira Culto Estatal

Com a ascensão do confucionismo, o período das “cem escolas” chegou a um fim. Os imperadores da dinastia Han encontraram nos ensinamentos confucianos de lealdade ao governante justamente a fórmula de que necessitavam para solidificar o poder do trono. Sob o imperador Wu Ti, a quem já nos referimos em conexão com o taoísmo, o confucionismo foi elevado à condição de culto estatal. Apenas os versados nos clássicos confucianos eram selecionados para funcionários governamentais, e quem quer que almejasse entrar para o serviço governamental tinha de passar por exames a nível nacional baseados nos clássicos confucianos. Ritos e rituais confucianos tornaram-se a religião do palácio real. Essa mudança de situação contribuiu muito para elevar a posição de Confúcio na sociedade chinesa. Os imperadores Han iniciaram a tradição de oferecer sacrifícios no túmulo de Confúcio. Conferiram-se-lhe títulos honoríficos. Daí, em 630 EC, o imperador T’ai Tsung, da dinastia T’ang, ordenou que em toda província e condado do império se erigisse um templo estatal a Confúcio, e que se oferecessem sacrifícios regularmente. Para todos os efeitos, Confúcio foi elevado à condição de deus, e o confucionismo tornou-se uma religião dificilmente distinguível do taoísmo ou do budismo.

 

O Legado da Sabedoria do Oriente

Desde o fim do governo de dinastias na China, em 1911, o confucionismo e o taoísmo têm sido muito criticados, até mesmo perseguidos. O taoísmo foi desacreditado por causa de suas práticas mágicas e supersticiosas. E o confucionismo tem sido rotulado de feudalista, que promove uma mentalidade escrava, para manter as pessoas, em especial as mulheres, em sujeição. Não obstante, apesar dessas denúncias oficiais, os conceitos básicos dessas religiões estão tão profundamente arraigados na mentalidade chinesa que ainda exercem uma forte influência sobre muitas pessoas. Por exemplo, sob o cabeçalho “Ritos Religiosos Chineses São Raros em Beijing [Pequim] mas Florescem nas Regiões Costeiras”, o jornal canadense Globe and Mail disse, em 1987, que, depois de uns 40 anos de governo ateísta na China, os ritos fúnebres, ofícios em templos e muitas práticas supersticiosas ainda são comuns nas áreas rurais. “A maioria das aldeias tem um fengshui, em geral um residente de mais idade que sabe ler as forças do vento (feng) e da água (shui) para determinar a mais propícia localização para tudo, desde a sepultura ancestral à nova casa ou aos móveis da sala de estar”, diz o artigo. Em outras partes, o taoísmo e o confucionismo estão presentes onde quer que a cultura tradicional chinesa sobreviva. Em Formosa, certo homem que afirma ser descendente de Chang Tao-ling preside como “mestre celestial” com poder de ordenar sacerdotes taoístas (Tao Shih). A popular deusa Matsu, tida como “Santa Mãe no Céu”, é adorada como santa padroeira da ilha e dos navegantes e pescadores. Quanto ao povo, ele se preocupa mais em apresentar oferendas e sacrifícios aos espíritos dos rios, das montanhas e das estrelas, às deidades padroeiras de todos os ofícios e aos deuses da saúde, da boa sorte e da riqueza.

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