Segunda, 15 Dezembro 2014 17:35

Islamismo - Fé Através da Submissão

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"EM NOME de Deus [Alá], Clemente, Misericordioso." E continua: "Louvado seja Deus, Senhor do Universo, Clemente, Misericordioso. Soberano do Dia do Juízo. Só a Ti adoramos e só de Ti imploramos ajuda! Guia-nos à senda reta, À senda dos que agraciaste, não à dos abominados nem à dos extraviados." — Qur’ān, surata 1:1-7. Tais palavras formam a Alfátiha (“A Abertura”), o primeiro capítulo, ou surata, do livro sagrado dos muçulmanos, o Sagrado Qur’ān, Corão, ou Alcorão. Visto que mais de uma de cada seis pessoas no mundo é muçulmana, e considerando que os muçulmanos devotos repetem esses versículos pelo menos cinco vezes em suas orações diárias, estas devem estar entre as palavras mais recitadas na terra. Segundo certa fonte, há mais de 1,6 milhões de muçulmanos no mundo, o que faz com que, numericamente, o islamismo seja menor apenas do que a Igreja Católica Romana. Dentre as religiões principais é talvez a que aumenta mais rapidamente no mundo, com movimento muçulmano em expansão na África e no mundo ocidental. O nome islã (ou islame) é expressivo para o muçulmano, pois significa “submissão”, “rendição” ou “entrega” a Alá, e, segundo certo historiador, “expressa a mais íntima atitude dos que abraçaram a pregação de Maomé”. “Muçulmano” significa ‘aquele que faz ou pratica o islã’. Os muçulmanos crêem que a sua fé é a culminação das revelações dadas aos fiéis hebreus e cristãos do passado. Contudo, seus ensinamentos divergem da Bíblia em alguns pontos, embora citem tanto das Escrituras Hebraicas como das Gregas no Qur’ān. Para melhor entender a fé muçulmana, temos de saber como, onde e quando essa religião começou.

 

A Chamada de Maomé

 Maomé nasceu em Meca (árabe, Makkah), Arábia Saudita, por volta de 570 EC. Seu pai, Abdalá, morreu antes de Maomé nascer. Sua mãe, Amina, morreu quando ele tinha cerca de seis anos. Naquele tempo, os árabes praticavam uma forma de adoração de Alá centralizada no vale de Meca, no local sagrado da Caaba, um edifício simples em forma de cubo, onde se reverenciava um meteorito negro. Segundo a tradição islâmica, “a Caaba foi originalmente construída por Adão segundo um protótipo celestial e depois do Dilúvio reconstruída por Abraão e Ismael”. (História dos Árabes, de Philip K. Hitti, em inglês) Tornou-se santuário de 360 ídolos, um para cada dia do ano lunar. À medida que crescia, Maomé passou a questionar as práticas religiosas de seus dias. John Noss, em seu livro Man’s Religions (As Religiões do Homem), declara: “[Maomé] incomodava-se com as incessantes rixas por causa de confessos interesses de religião e honra entre os chefes coraixitas [Maomé era dessa tribo]. Mais forte ainda era o seu descontentamento com os grotescos remanescentes na religião árabe, o politeísmo e o animismo idólatras, a imoralidade nas assembléias e quermesses religiosas, a bebedeira, a jogatina e as danças que estavam na moda, e o sepultamento em vida de bebês do sexo feminino indesejados, praticado não apenas em Meca mas em toda a Arábia.” — Surata 6:137. A chamada de Maomé para ser profeta ocorreu quando ele beirava os 40 anos de idade. Ele costumava ir sozinho a uma caverna próxima, chamada Gar Hira, para meditar, e afirmou que foi numa dessas ocasiões que recebeu a chamada para ser profeta. Diz a tradição muçulmana que, estando lá, um anjo, mais tarde identificado como Gabriel, ordenou-lhe que recitasse em nome de Alá. Maomé não obedeceu, de modo que o anjo ‘agarrou-o e comprimiu-o tanto que Maomé não pôde suportar’. Daí o anjo repetiu a ordem. Novamente, Maomé não reagiu, de modo que o anjo ‘sufocou-o’ novamente. Isto ocorreu três vezes, depois do que Maomé começou a recitar o que veio a ser encarado como primeira duma série de revelações que constituem o Qur’ān. Segundo outra tradição, a inspiração divina foi revelada a Maomé em forma do soar duma campainha. — O Livro de Revelação, de Sahih Al-Bukhari (em inglês).

 

Revelação do Qur’ān

Qual foi, supostamente, a primeira revelação que Maomé recebeu? Os versados no islamismo em geral concordam que foram os primeiros cinco versículos da surata 96, intitulada Al’Alac, “O Coágulo [de Sangue]”, que reza: “Em nome de Deus [Alá], Clemente, Misericordioso. Lê em nome de teu Senhor que (tudo) criou; Criou o homem de um coágulo. Lê que teu Senhor é generoso, que ensinou o uso do cálamo. Ensinou ao homem o que este não sabia.” Segundo a fonte árabe O Livro de Revelação, Maomé respondeu: “Eu não sei ler.” Assim, ele teve de memorizar as revelações, de modo que pudesse repeti-las e recitá-las. Os árabes eram peritos no uso da memória, e Maomé não era exceção. Quanto tempo levou para ele receber a mensagem completa do Qur’ān? Crê-se geralmente que as revelações ocorreram num período de 20 a 23 anos, aproximadamente por volta de 610 EC até a sua morte, em 632 EC. Fontes muçulmanas explicam que, assim que recebia cada revelação, Maomé a recitava para quem quer que estivesse por perto. Estes, por sua vez, memorizavam a revelação e, por recitação, mantinham-na viva. Visto que os árabes desconheciam a arte de fabricar papel, Maomé fez com que escribas anotassem as revelações em primitivos materiais então disponíveis, como omoplatas de camelo, folhas de palmeira, madeira e pergaminho. Mas, foi só depois da morte do profeta que o Qur’ān assumiu a sua forma atual, sob a direção dos sucessores e companheiros de Maomé. Isto foi durante o domínio dos primeiros três califas, ou líderes muçulmanos. O tradutor Muhammad Pickthall escreve: “Todas as suratas do Qur’ān haviam sido registradas por escrito antes da morte do Profeta, e muitos muçulmanos haviam decorado o inteiro Qur’ān. Mas, as suratas escritas ficaram dispersas entre o povo; e quando numa batalha . . . um grande número dos que sabiam o inteiro Qur’ān de cor foram mortos, foi feita uma coletânea do inteiro Qur’ān e assentada por escrito.” A vida islâmica é governada por três autoridades — o Qur’ān, a Hadith e a Xariah. (Veja quadro, página 291.) Os muçulmanos crêem que o Qur’ān em árabe seja a mais pura forma de revelação, pois, como dizem, foi a língua usada por Deus ao falar por meio de Gabriel. A surata 43:3 diz: “Que vos temos ditado um Alcorão arábico, a fim de que o compreendais.” Assim, qualquer tradução é encarada como apenas uma diluição que envolve perda de pureza. De fato, alguns versados em islamismo recusam-se a traduzir o Qur’ān. Acham que “traduzir sempre é trair” e, por conseguinte, os “muçulmanos sempre reprovaram, e às vezes proibiram, qualquer tentativa de traduzi-lo para outra língua”, diz o Dr. J. A. Williams, preletor de história islâmica.

 

Expansão Islâmica

Maomé fundou a sua nova fé enfrentando grandes dificuldades. O povo de Meca, até mesmo de sua própria tribo, rejeitou-o. Depois de 13 anos de perseguição e ódio, ele transferiu seu centro de atividades para o norte, em Iatrib, que então passou a ser conhecido como al-Madinah (Medina), a cidade do profeta. Essa emigração, ou hégira, em 622 EC, foi um marco importante na história islâmica, e essa data foi mais tarde adotada como ponto de partida do calendário islâmico. Por fim, Maomé obteve o domínio quando Meca capitulou diante dele, em janeiro de 630 EC (8 AH), e ele passou a governá-la. Com as rédeas do controle secular e religioso nas mãos, ele conseguiu varrer as imagens idólatras da Caaba e estabelecê-la como ponto principal de peregrinação a Meca, que persiste até hoje. Poucas décadas depois da morte de Maomé, em 632 EC, o islamismo já se havia difundido até o Afeganistão, e até mesmo à Tunísia, na África do Norte. Perto do início do oitavo século, a fé do Qur’ān penetrara na Espanha e chegara à fronteira francesa. Como disse o professor Ninian Smart em seu livro Background to the Long Search (Origem da Longa Busca): “Encarada dum ponto de vista humano, a consecução de um profeta árabe que viveu no sexto e no sétimo séculos depois de Cristo é assombrosa. Humanamente, foi dele que fluiu uma nova civilização. Mas, naturalmente, para os muçulmanos a obra era divina, e a consecução, de Alá.”

 

A Morte de Maomé Causa Divisão

A morte do profeta provocou uma crise. Ele morreu sem deixar descendente masculino e sem sucessor claramente designado. Como diz Philip Hitti: “O califado [cargo de califa] é, pois, o mais antigo problema que o islamismo teve de enfrentar. Ainda é uma questão acesa. . . . Como disse o historiador muçulmano al-Shahrastani [1086-1153]: ‘Nunca houve uma questão islâmica que causasse mais derramamento de sangue do que o califado (imamah).’” Como se resolveu o problema lá em 632 EC? “Abu-Bekr . . . foi nomeado (8 de junho de 632) sucessor de Maomé por meio de um tipo de eleição em que participaram os líderes presentes na capital, al-Madinah.” — História dos Árabes. O sucessor do profeta seria um governante, um khalifah, ou califa. Contudo, a questão concernente a quem eram os verdadeiros sucessores de Maomé virou motivo de divisões nas fileiras do islamismo. Os muçulmanos sunitas aceitam o princípio de cargo eletivo, em vez de a descendência sangüínea do profeta. Assim, eles crêem que os três primeiros califas, Abu-Bekr (sogro de Maomé), Omar (conselheiro do profeta) e Otmã (genro do profeta), eram os sucessores legítimos de Maomé. Essa afirmação é contestada pelos muçulmanos xiitas, que dizem que a verdadeira liderança vem da linhagem sangüínea do profeta e através de seu primo e genro, Ali ibn Abi Talib, o primeiro imame (líder e sucessor), que se casou com a filha predileta de Maomé, Fátima. Seu casamento produziu os netos de Maomé, Hasã e Husain. Os xiitas afirmam também “que desde o início Alá e Seu Profeta haviam claramente nomeado Ali como único legítimo sucessor, mas que os três primeiros califas usurparam seu cargo de direito”. (História dos Árabes) Naturalmente, o conceito dos muçulmanos sunitas é outro. O que aconteceu com Ali? Durante seu domínio como quarto califa (656-661 EC), surgiu uma rixa a respeito de liderança entre ele e o governador da Síria, Moávia. Envolveram-se em batalha, mas, daí, para evitar mais derramamento de sangue muçulmano, eles submeteram a sua disputa ao arbítrio. Ter Ali aceitado o arbítrio enfraqueceu a sua causa e alienou muitos de seus seguidores, incluindo os Caridjitas (Dissidentes), que se tornaram seus inimigos mortais. No ano 661 EC, Ali foi assassinado por um caridjita fanático, com um sabre envenenado. Os dois grupos (sunitas e xiitas) estavam em forte desacordo. Daí, o ramo sunita do islamismo escolheu um líder dentre os omíadas, ricos chefes de Meca, que não eram da família do profeta. Para os xiitas, o primogênito de Ali, Hasã, neto do profeta, era o verdadeiro sucessor. Contudo, ele renunciou e foi assassinado. Seu irmão Husain tornou-se o novo imame, mas também foi morto, por tropas omíadas, em 10 de outubro de 680 EC. A sua morte, ou martírio, como os xiitas a encaram, teve um significativo efeito sobre o Shiat Ali, o partido de Ali, efeito que perdura até os dias de hoje. Eles crêem que Ali era o verdadeiro sucessor de Maomé e o primeiro “imame [líder] divinamente protegido contra o erro e o pecado”. Ali e seus sucessores foram considerados pelos xiitas como instrutores infalíveis, tendo “o dom divino da impecabilidade”. O maior segmento dos xiitas crê que houve apenas 12 verdadeiros imames, e que o último destes, Maomé al-Muntazar, desapareceu (em 878 EC) “na gruta da grande mesquita de Samarra, sem deixar descendência”. Assim, “ele se tornou o imame ‘oculto (mustatir)’ ou ‘esperado (muntazar)’. . . . No devido tempo ele aparecerá como o Madi (o divinamente guiado) para restaurar o verdadeiro islamismo, conquistar o mundo inteiro e introduzir um breve milênio antes do fim de todas as coisas”. — História dos Árabes. Anualmente, os xiitas comemoram o martírio do Imame Husain. Fazem procissões em que alguns se cortam com facas e espadas e de outras formas se autoflagelam. Em tempos mais recentes, os muçulmanos xiitas têm estado freqüentemente nas notícias devido ao seu zelo pelas causas islâmicas. Contudo, eles representam apenas uns 20 por cento dos muçulmanos do mundo, a maioria dos quais são muçulmanos sunitas. Agora, consideremos alguns dos ensinamentos do islamismo e vejamos como a fé islâmica afeta a conduta diária dos muçulmanos.

 

O Supremo É Deus, Não Jesus

As três maiores religiões monoteístas do mundo são o judaísmo, o cristianismo e o islamismo. Mas, na época em que Maomé apareceu, perto do começo do sétimo século EC, as duas primeiras religiões, a seu ver, haviam-se desviado do caminho da verdade. De fato, segundo certos comentaristas islâmicos, o Qur’ān implica a rejeição de judeus e de cristãos, dizendo: “À senda dos que agraciaste, não à dos abominados nem à dos extraviados.” (Surata 1:7) Por que isso? Diz certo comentário alcorânico: “O Povo do Livro desencaminhou-se: Os judeus por violarem o seu Pacto, e difamarem Maria e Jesus . . . e os cristãos por enaltecerem Jesus, o Apóstolo, à igualdade com Deus”, por meio da doutrina da Trindade. — Surata 4:153-176, Abdullah Y. Ali (em inglês). O principal ensinamento do islamismo, simplificando ao máximo, é o que se conhece por chahada, ou confissão de fé, que todo muçulmano conhece de cor: “La ilah illa Allah; Muhammad rasul Allah” (Não há deus senão Alá; Maomé é o mensageiro de Alá). Isto se harmoniza com a expressão alcorânica: “Vosso Deus é Um só. Não há mais deus que Ele, Clemente, Misericordiosíssimo.” (Surata 2:163) 26 A respeito da unicidade de Deus, o Qur’ān reza: “Crede, pois, em Deus e em Seus apóstolos, e não digais: Trindade! Abstende-vos disso que será melhor para vós; sabei que Deus é Uno.” (Surata 4:171)

 

Alma, Ressurreição, Paraíso e Inferno de Fogo

O islamismo ensina que o homem tem uma alma que sobrevive para uma vida futura. O Qur’ān diz: “Deus [Alá] recolhe as almas no momento da morte e, os que não morrem, ainda, (recolhe) durante o sono. Ele retém aqueles cuja morte tem decretada.” (Surata 39:42) Ao mesmo tempo, a surata 75 é inteiramente devotada à “Alquiáma ou Ressurreição” ou “Levantamento dos Mortos” (Muhammad M. Pickthall [em inglês]). Ela diz, em parte: “Pelo Dia da Ressurreição . . . Porventura, crê o homem que jamais reuniremos seus ossos? . . . Perguntam: Quando acontecerá o Dia da Ressurreição? . . . Não será [Alá] capaz de ressuscitar os mortos?” — Surata 75:1, 3, 6, 40. Segundo o Qur’ān, a alma pode ter diferentes destinos, que pode ser um jardim celestial paradísico ou a punição num inferno ardente. Como diz o Qur’ān: “Perguntam: Quando chegará o Dia do Juízo Final? Será o dia em que forem torturados no fogo! Ser-lhes-á dito: Sofrei a vossa tortura! Eis aqui o que pretendestes urgir!” (Surata 51:12-14) “Sofrerão [os pecadores] um castigo na vida terrena; porém, o do outro mundo será mais severo ainda e não terão defensor algum ante Deus [Alá].” (Surata 13:34) Pergunta-se: “E que é que te fará entender isso? É o fogo ardente!” (Surata 101:10, 11) Esse pavoroso destino é descrito em detalhes: “Quanto àqueles que negam Nossos versículos, introduzi-los-emos no fogo infernal. Cada vez que sua pele se tiver queimado, trocá-la-emos por outra, para que experimentem mais e mais o suplício. Sabei que Deus [Alá] é Poderoso, Prudentíssimo.” (Surata 4:56) Outra descrição declara: “Em verdade, o inferno será uma emboscada . . . onde permanecerão séculos, até milênios, em que não provarão do frescor nem de (qualquer) bebida, a não ser água fervente e uma paralisante beveragem.” — Surata 78:21, 23-25. Os muçulmanos crêem que a alma dos falecidos vai para o Barzakh, ou “Barreira”, “o lugar ou estado em que as pessoas estarão após a morte e antes do Julgamento”. (Surata 23:99, 100, AYA, nota) A alma está cônscia ali, sofrendo o que se chama de “Punição do Túmulo” se a pessoa foi má, ou desfrutando a felicidade, se foi fiel. Mas, os fiéis também têm de sofrer algum tormento por causa de seus poucos pecados enquanto estavam vivos. No dia de juízo, cada qual encara seu destino eterno, que finda aquele estado intermediário. Em contraste, aos justos se promete jardins celestiais paradísicos: “Quanto aos crentes que praticam o bem, introduzi-los-emos em jardins abaixo dos quais correm rios, em que morarão eternamente.” (Surata 4:57) “Naquele dia os moradores do Paraíso em nada pensarão a não ser na sua felicidade. Junto com suas esposas, reclinar-se-ão sob arvoredos sombreados em sofás macios.” (Surata 36:55, 56, NJD).

 

Monogamia ou Poligamia?

É a poligamia a regra entre os muçulmanos? Embora o Qur’ān permita a poligamia, muitos muçulmanos têm apenas uma esposa. Devido às numerosas viúvas resultantes de custosas batalhas, o Qur’ān fez concessão para a poligamia: “Se temerdes ser injustos para com as órfãs, podereis desposar duas, três, ou quatro das que vos aprouver entre outras mulheres. Mas, se temerdes não poder ser equitativos para com estas, casai, então, com uma só, ou conformai-vos com o que está ao alcance de vossas mãos.” (Surata 4:3) Uma biografia de Maomé, feita por Ibn-Hisham, diz que Maomé casou-se com uma viúva rica, Cadidja, 15 anos mais velha do que ele. Depois que ela morreu, Maomé casou-se com muitas mulheres. Ao morrer, deixou nove viúvas. Outra forma de casamento no islamismo é chamada de mutah. É definido como “contrato especial celebrado entre um homem e uma mulher através da oferta e aceitação de casamento por um período limitado e com dote especificado, semelhante ao contrato para casamento permanente”. (Islamuna, de Mustafá al-Rafafii, em inglês) Os sunitas chamam-no de casamento por prazer, e os xiitas, um casamento a ser encerrado num período específico. Diz a mesma fonte: “Os filhos [de tais casamentos] são legítimos e têm os mesmos direitos que os filhos de um casamento permanente.” Parece que essa forma de casamento temporário era praticada nos dias de Maomé, e ele permitiu que continuasse. Os sunitas insistem que foi proibida mais tarde, ao passo que os imamis, o maior grupo xiita, crê que ainda vigora. Muitos, efetivamente, o praticam, em especial quando um homem se ausenta de sua esposa por um longo período.

 

O Islamismo e a Vida Diária

O islamismo envolve cinco principais obrigações e cinco crenças básicas. Uma das obrigações é que os muçulmanos devotos orem (salat) cinco vezes por dia, voltados para Meca. No sábado muçulmano (sexta-feira), os homens afluem à mesquita para oração ao ouvirem o chamado do muezim, do alto do minarete da mesquita. Hoje em dia, muitas mesquitas tocam uma gravação, em vez de fazerem uma chamada de viva voz. Mesquita (masjid, em árabe) é o local de adoração dos muçulmanos, chamado pelo Rei Fahd Bin Abdul Aziz, da Arábia Saudita, de “pedra fundamental para invocar a Deus”. Definiu a mesquita como “local de oração, estudo, atividades legais e judiciais, consultas, pregação, orientação, educação e preparação. . . . A mesquita é o coração da sociedade muçulmana”. Esses locais de adoração se encontram agora em todo o mundo. Um dos mais famosos na história é a Mezquita (Mesquita) de Córdoba, Espanha, que por séculos era a maior do mundo. A sua parte central é agora ocupada por uma catedral católica.

 

Conflitos com a Cristandade e no Seio Desta

A partir do sétimo século, o islamismo expandiu-se para o oeste, à África do Norte, para o leste, ao Paquistão, à Índia, ao Bangladesh, e até a Indonésia. (Veja mapa, na guarda no início do livro.) Ao assim fazer, entrou em conflito com a militante Igreja Católica, que organizou Cruzadas para recuperar dos muçulmanos a Terra Santa. Em 1492, a rainha Isabel e o rei Fernando, da Espanha, completaram a reconquista católica da Espanha. Os muçulmanos e os judeus tinham de converter-se, sob pena de serem expulsos da Espanha. A tolerância mútua que existira sob o domínio muçulmano na Espanha mais tarde se evaporou sob a influência da Inquisição católica. Contudo, os islamismo sobreviveu e, no século 20, tem experimentado um ressurgimento e grande crescimento.

 

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