Quinta, 05 Março 2020 18:04

Refutando o Argumento do Design Inteligente

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Vamos falar primeiro de nosso planeta

A grande maioria das órbitas dos planetas são instáveis e os que têm uma órbita estável ou estão muito próximos de sua estrela sendo extremamente quente ou muito distantes sendo extremamente frio. Alguns dos pouquíssimos planetas que estão na chamada zona habitável como a nossa terra tem uma fina crosta sob um manto de larva derretida que constantemente é lançada para cima através dos vulcões lançando gases tóxicos e larvas vulcânicas que destroem toda vida em sua volta. Além disso, essa fina crosta é cheia de rachaduras formando as placas tectônicas que constantemente entram em atrito causando grandes terremotos devastadores para a vida. Estes terremotos podem acontecer no fundo dos oceanos causando terríveis tsunamis que matam milhares de pessoas.  Não podemos deixar de mencionar nossa atmosfera que a milhares de anos vem provocando enchentes, tornados, furações, raios, chuvas devastadoras e secas mortais. A ação do homem pode aumentar esses fenômenos climáticos, mas, eles sempre existiram na história de nosso planeta. Não podemos viver em 70% de nosso planeta formado por gigantescos oceanos. Nos 30% restantes grande parte é formado por inóspitos desertos ou calotas polares. Portanto, podemos morrer de fome ou congelados nesta parte que nos resta. Realmente nosso planeta não favorece a vida, pois 99% de toda vida que já existiu foi extinta. Nosso planeta já teve diversas extinções em massa, pandemias, doenças, mudanças climáticas, sem falar que nosso planeta é uma galeria de tiro ao alvo constantemente alvejado por asteroides, cometas e meteoros assassinos que dependendo do tamanho causam catástrofes colossais. Veja quanto tempo levou para que vida multicelular pudesse surgir desde o começo de nosso planeta, aproximadamente 3,5 bilhões de anos.  Nossa estrela, o sol, como qualquer estrela tem um tempo de vida e daqui a 7,5 bilhões de anos vai apagar acabando com toda perspectiva de vida em nosso planeta, mas, antes disso o sol vai crescer brilhar muito mais e quase derreter nosso sistema solar. Com certeza isso não tem nada de design inteligente!

Vamos falar agora do universo.

Vivemos em um cosmos extremamente hostil ao desenvolvimento da vida. A maioria dos lugares no universo mata a vida instantaneamente, seja por extremo calor, frio ou radiação. Tem pessoas que falam sobre as forças da natureza que estão perfeitamente alinhadas para a vida, falam do famoso “ajuste fino” no cosmos que favorece a vida, mas, se você estudar o universo vai perceber que é justamente o contrário, na imensa maioria do universo não ha condições de vida. A órbita de nossa galáxia nos deixa perto de uma supernova a cada centena de milhões de anos, portanto, de tempos em tempos somos obrigados a passar perto de uma supernova, que varrerá nossa camada de ozônio matando toda vida na superfície.  Além disso, estamos em rota de colisão com a galáxia de Andrômeda, o que destruirá nossa galáxia. Sem contar que estamos em um universo em expansão só de ida que por fim sucumbirá ao esquecimento já que a temperatura do universo se aproxima de forma assintomática do zero absoluto.  Com certeza isso não tem nada de design inteligente!

Agora é a vez do nosso corpo

Nosso corpo é extremamente frágil e observamos a natureza nos matando. Eu poderia ficar o dia inteiro aqui falando de doenças como leucemia infantil agressiva, hemofilia, anemia falciforme, esclerose múltipla, epilepsia, Parkinson, Alzheimer, diversos tipos de câncer, a velhice com perda de visão, audição, dentes caindo, o colapso do organismo. Nós exaltamos tanto o olho humano, mas existem animais com olhos bem mais aguçados que os nossos. Nosso olho não consegue detectar campos magnéticos, CO, CH4, CO2, radiação ionizante, estamos completamente vulneráveis a radiação ionizante. Sem falar dos defeitos congênitos, fetos abortados, fetos com anomalias, alguns chegam a nascer com o coração para fora, grudados (siameses), sem cérebro (anencefálicos), sem falar em outros problemas como síndrome de down, autismo. Nós comemos, respiramos e bebemos pelo mesmo canal em nosso corpo, isso garante que milhares vão morrer engasgados todos os anos. Os golfinhos, por exemplo, são mamíferos que respiram e comem por canais diferentes, mas nós não tivemos essa sorte.  Não podemos nos esquecer dos órgãos vestigiais (sem uso) em nosso corpo como os dentes siso, mamas masculinas, membrana nictitante, apêndice vermiforme, músculo plantar, décima terceira costela, cóccix, entre outros. Com certeza isso não tem nada de design inteligente!

A Origem

Foi nos Estados Unidos que surgiu o movimento do design inteligente, uma pseudociência que tinha como objetivo combater o materialismo científico e a Teoria da Evolução usando a estratégia de cunhar um movimento político e social para tentar tirar proveito da primeira emenda da Constituição dos Estados Unidos, que garante liberdade de culto a todos os cidadãos, e ensinar o design inteligente ao lado da Evolução nas escolas públicas, mas falharam e foram refutados no tribunal  que ficou conhecido como “O Julgamento de Dover”, no qual  foi comprovado que o design inteligente era uma forma de criacionismo disfarçado. Michael Behe, o pai do design inteligente, assumiu que não tinha lido grande parte dos artigos publicados sobre a evolução. O design inteligente não consegue explicar como as espécies surgiram. E o próprio Behe não negou a ancestralidade comum dos seres humanos com os demais primatas, já outros defensores do movimento acreditam na Terra jovem (uma ideia que diz que o planeta Terra tem apenas seis mil anos) e no criacionismo bíblico, os quais deixam explícita a ligação com crenças religiosas. Não tem como testar a ideia de um adepto do design inteligente, isso já mostra que o design inteligente não é uma teoria científica e que não resulta de aplicações do método científico. O design inteligente afirma que processos naturais são incapazes de explicarem a diversidade biológica, mas e isso não é verdade.  A biodiversidade biológica é explicada pela Evolução, e uma forte evidência a favor da Evolução é que existe um padrão de semelhança genética entre todos os seres vivos.

O Cromossomo 2

Além disso, os proponentes do design inteligente simplesmente não conseguem explicar a existência do cromossomo 2 no ser humano, que é resultado da fusão de outros dois cromossomos encontrados nos demais primatas, seria o resultado de um designer inteligente, já que o simples fato de existir em nós um do cromossomo 2 que é resultado da fusão de outros cromossomos existentes nos primatas é uma forte evidência para a evolução. Os proponentes do design inteligente nunca publicaram artigos em revistas sérias como Nature ou Science, não testam hipóteses e não fazem ciência, enquanto os cientistas publicam vários artigos e estudos sobre a evolução em periódicos científicos revisados pelos pares. Por esses motivos o design inteligente não pode ser considerado uma teoria científica, trata-se de uma pseudociência com influência do fundamentalismo religioso.

Complexidade Irredutível

Outro ponto, bem concreto, é que existem explicações plausíveis para a evolução gradual de várias características dos seres vivos, às vezes apontadas como “irredutivelmente complexas”. O livro “Creationism Trojan Horse”, de Barbara Forest e Paul Gross, por exemplo, indica listas e mais listas de artigos científicos que explicam e evolução das cadeias bioquímicas que Behe e seus colegas insistem em chamar de inexplicáveis. Ou, como escrevem os autores, “mostrando que o que Behe diz que não existe, existe”. Graças a Darwin, já não é verdade dizer que as coisas só podem parecer projetadas se tiverem sido projetadas. A evolução pela seleção natural produz um excelente simulacro de design, acumulando níveis incríveis de complexidade e elegância.

Explica o mundo natural?

O Design Inteligente tem a pretensão de explicar o mundo natural — mas as explicações que oferece são dramaticamente incompletas. Por exemplo, o Design Inteligente explica a existência de um tipo de flagelo bacteriano com a ação de um Designer Inteligente, mas não oferece nenhuma informação sobre a forma como o designer pode ter construído o flagelo ou sobre quem esse designer possa ser.

Usa ideias testáveis?

As ideias científicas geram expetativas específicas sobre observações do mundo natural que podem apoiar ou refutar a ideia. No entanto, porque o Design Inteligente não especifica o que o Designer é ou como o Designer opera, não pode gerar expetativas suficientemente específicas para nos ajudar a descobrir se as suas premissas básicas estão corretas ou incorretas. O design inteligente é intestável.

Baseia-se em evidência?

Porque o mecanismo central do Design Inteligente é intestável, não há evidência relevante para a ideia. No entanto, alguns proponentes do DI fizeram reivindicações testáveis que têm mais a ver com desacreditar a evolução do que com o mecanismo do Design Inteligente. Estas reivindicações (por exemplo, que os componentes de flagelos bacterianos não podem funcionar independentemente uns dos outros) foram testadas e refutadas pela evidência.

Envolve a comunidade científica?

Os defensores do Design Inteligente raramente publicaram artigos sobre o DI em revistas científicas estabelecidas, e resistiram a modificar as suas ideias em resposta ao escrutínio da comunidade científica. Esses defensores organizaram-se numa comunidade — mas uma comunidade dedicada a promover a sua ideia, e não a descobrir como o mundo natural realmente funciona.

Conduz a novas investigações?

Até agora, não há casos documentados de investigação sobre o Design Inteligente contribuindo para uma nova descoberta científica. Os proponentes do Design Inteligente, é claro, continuam a escrever sobre a ideia, mas este trabalho não é gerador — ou seja, ele tende a repetir-se e não ajuda a construir explicações novas e mais detalhadas. Os defensores do Design Inteligente tendem a concentrar-se em criticar explicações evolutivas específicas (por exemplo, sobre flagelos bacterianos). Ironicamente, a má aplicação da teoria da evolução e a incompreensão da natureza da ciência inerente a essas críticas foi tão frustrante para biólogos evolucionários, que por vezes aumentaram os seus esforços de investigação nas áreas atacados pelo DI. Hoje em dia sabemos muito mais sobre como o flagelo bacteriano evoluiu do que há dez anos atrás!

Os investigadores comportam-se cientificamente?

Embora haja diversidade dentro do grupo, os proponentes do Design Inteligente geralmente não satisfazem as normas de bom comportamento científico no seu trabalho sobre DI, em vários aspetos. Poucos utilizam conhecimento científico existente. Muitos interpretam erradamente a teoria da evolução e a natureza da ciência, e não compreendem a investigação atual em determinada área antes de a criticarem. Talvez o mais importante, visto que o Design Inteligente é intestável, os proponentes são incapazes de submeter as suas ideias a testes de modo significativo, e não conseguem avaliar se as suas ideias são apoiadas por evidência.

Quem projetou o projetista?

Um dos grandes desafios para o intelecto humano, ao longo dos séculos, vem sendo explicar de onde vem a aparência complexa e improvável de design no universo. A tentação natural é atribuir a aparência de design a um design verdadeiro. No caso de um artefato de fabricação humana, como um relógio, o projetista realmente era um engenheiro inteligente. É tentador aplicar a mesma lógica a um olho ou a uma asa, a uma aranha ou a uma pessoa. Entretanto, a tentação é falsa, porque a hipótese de que haja um projetista suscita imediatamente o problema maior sobre quem projetou o projetista. O problema que tínhamos em nossas mãos quando começamos era o da improbabilidade estatística. Obviamente não é solução postular uma coisa ainda mais improvável. Além disso, invocar um “design inteligente” para explicar o “aparentemente inexplicável” é uma tarefa cômoda, que não requer muita elaboração, tampouco esforço intelectual. Ao longo de sua história, a ciência construiu a base do conhecimento da humanidade fundamentada em fatos comprovados ou refutáveis. O ”design inteligente” não é nem um fato e nem pode ser refutado. Logo, constitui-se em um argumento falso e enganoso, sem qualquer sombra de base científica. Ao contrário do postulado, não há uma teoria a ser contraposta à evolução darwinista, o criacionismo se fundamenta em dogmas religiosos e não pode ser considerada uma teoria científica.

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