Domingo, 30 Dezembro 2018 18:24

O Universo surgiu do nada?

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A grande verdade é que ainda não sabemos todos os mistérios do universo. A ciência já fez grandes avanços neste assunto nos últimos 100 anos, mas, ainda a muito a descobrir. A teoria do big bang esclarece muita coisa, entretanto, não sabemos ainda se existia algo antes do big bang, e no caso, o que existia. Já foram formuladas teorias interessantes sobre isso, como a teoria dos multiuniversos, a teoria das cordas, as recentes descobertas quânticas que nos mostraram que é possível matéria surgir do nada, que a soma de energia negativa e positiva no universo é igual à zero (portanto, teoricamente seria possível a energia ter surgido do nada), entre outras descobertas que a ciência tem feito e que nos fazem pensar. Agora, o que a maioria das pessoas fazem é não reconhecer que nosso conhecimento ainda é limitado e passam a CRIAR UM DEUS para preencher essa lacuna que ainda não entendemos. Acho isso uma desonestidade intelectual e uma arrogância muito grande do ser humano inventar um suposto "Deus" e resolver em nossas mentes que ele supostamente "nunca teve principio e nunca teve fim, que ele é atemporal, está além das leis da física, etc..." e colocar este suposto ser nesta lacuna que ainda não compreendemos. O pior de tudo é que este suposto "Deus" que foi criado pela mente humana para preencher esta lacuna que ele não entende, ao invés de resolver o problema, cria outro muito maior. Pois, se partimos do pressuposto de que o universo é complexo demais para ter surgido do nada, o suposto criador do universo é muito mais complexo ainda para ter surgido do nada! Se a complexidade de algo determina que ela necessita de um criador, então o criador, sendo ainda mais complexo do que a criação, irá precisar de um criador também. Assim, partindo por esse raciocínio, ele precisaria ainda mais de uma explicação sobre sua origem! Quem criou o criador? Não podemos usar dois pesos e duas medidas, se o criador pode ter surgido do nada, o universo também pode! Agora se o universo não pode ter surgido do nada, o suposto criador também não! Entende a regressão infinita que nos leva esse suposto criador?

Grandes nomes da astrofísica moderna como Lawrence Krauss, Stephen Hawking e Neil deGrasse Tyson (aquela da nova série Cosmos) traçam uma série de descobertas, desde a teoria geral da relatividade de Einstein até os últimos estudos da energia escura, exemplificando como os cientistas determinaram que os espaços vazios estão preenchidos com energia, na forma de partículas virtuais. Da perspectiva da física quântica, as partículas entram e saem da existência o tempo todo. Pra Krauss e muitos outros teóricos, o nada é tão instável que ele tem que criar algo: em nosso caso, o universo. E ainda mais, Krauss e seus colegas tem a visão de que pode haver uma sucessão infindável de big bangs, criando muitos universos (a teoria dos multiuniversos) com diferentes parâmetros e leis físicas. Alguns desses voltam ao nada imediatamente, enquanto outros, como o nosso, ficam por aí tempo suficiente para dar origem às galáxias, estrelas, planetas e vida. Os cientistas ainda não têm uma forma de testar essa hipótese, mas isso explicaria como temos sorte de estar vivos, ganhamos na loteria cósmica. “Alguns dizem ‘Bom, isso é só uma escapatória’”, comenta Krauss. “Mas é uma desculpa menor do que Deus”. Stephen Hawking apresentou um ponto parecido em seu livro “The Grand Design”. O argumento chave é que a energia positiva da matéria é balanceada pela energia negativa do campo gravitacional. Da perspectiva quântica, a energia total do universo é zero e a evidência matemática disso seria o fato do universo ser plano e não esférico. A ideia de um balanço entre a energia positiva e negativa tem gerado críticas por parte do criacionismo, mas Krauss afirma que o conceito bate com as teorias cosmológicas atuais. “Soa como uma fraude, mas não é. Uma vez com a gravidade, você pode começar com zero energia e acabar com diversas coisas, e essas podem ter energia positiva, contanto que você faça o efeito contrário com energia negativa. A gravidade permite que a energia seja negativa”, afirma o cientista. Daqui a muito tempo, quando todas as galáxias tiverem expandindo até o fim, e todas as estrelas morrido, os positivos e negativos vão se cancelar, levando nosso universo a voltar à uniformidade do espaço vazio. “O ‘algo’ talvez esteja aqui por um pequeno período de tempo”, afirma Krauss. Para muitos isso pode soar um tanto suicida. O famoso evolucionista (e um dos ateus mais famosos do mundo) Richard Dawkins afirma o seguinte: “Se você acha que isso é sombrio e pouco entusiasmante, que pena. Realmente não traz conforto”. Mas Krauss não pretende ser um depressor. Krauss afirma que a perspectiva científica sobre as origens e o destino do universo oferece uma alternativa válida para o tradicional “consolo” que a religião propõe. “Aqui estão estas marcantes leis da natureza que surgiram e produziram tudo que você conhece, algo muito mais interessante do que qualquer conto de fadas”, comenta Krauss. “Nós somos os beneficiários sortudos disso, e deveríamos aproveitar o fato de termos consciência para apreciar o universo”.

Há tempos os cientistas já sabem que o que chamamos de vácuo não é realmente a ausência completa de tudo. Isso porque a mecânica quântica nos confronta com uma ideia muito maluca: coisas podem existir e não existir ao mesmo tempo. Todas as partículas são, na verdade, ondas de probabilidade. Isso significa que no vácuo, a cada dado momento, existe uma probabilidade não-nula (ou seja, maior que zero) de que uma partícula esteja ali. Disso tiramos duas conclusões importantes. A primeira: não existe nada de mágico no surgimento de partículas a partir do nada — o vácuo faz isso o tempo todo. E a segunda: como essas partículas em geral desaparecem numa mínima fração de segundo, isso tem efeito zero no total de energia no cosmos. É bom lembrar que as partículas virtuais são mais que uma hipótese. Elas são confirmadas, por exemplo, nas colisões promovidas no LHC. Ninguém duvida que o vácuo possa parir coisas do nada. Há demonstração experimental desse fato. E por isso a ideia de que o Universo nasceu do nada sempre foi atraente para os cientistas.

Dongshan He, Dongfeng Gao e Qing-yu Cai, físicos da Academia Chinesa de Ciências, num artigo recém-publicado na rigorosa revista científica “Physical Review D” com título “Criação espontânea do Universo a partir do nada” apresentaram provas baseadas nas soluções analíticas da equação de Wheeler-DeWitt de que realmente o universo surgiu do nada. A tal equação mencionada é um instrumento importante que está sendo usado no desenvolvimento das teorias de gravidade quântica (uma tentativa de reunir a relatividade geral, que descreve a gravidade e a mecânica quântica, que explica todo o resto) no mesmo balaio. Ninguém sabe ainda qual versão dessas teorias vingará, mas aproximações ocasionais são possíveis. É o caso aqui. Seguindo rigorosamente a matemática, os pesquisadores concluem que, a partir de flutuações quânticas de um “falso vácuo metaestável”, um desfecho natural é a criação de uma pequena bolha de vácuo verdadeiro, que então infla agressivamente por uma fração de segundo e então para, exatamente como previsto e confirmado nas observações que temos à disposição. Este dito “falso vácuo metaestável” é chamado de falso porque ele teria mais energia do que a presente num vácuo verdadeiro (embora ainda fosse vácuo), e metaestável porque é um estado que não se sustenta por muito tempo. “Ele pode decair para um estado de vácuo verdadeiro por flutuações quânticas”, afirma Qing-yu Cai. “No artigo, demonstramos que uma vez que uma pequena bolha de vácuo verdadeiro seja criada por flutuações quânticas de um falso vácuo metaestável, ela pode expandir exponencialmente. Quando a pequena bolha de vácuo verdadeiro se torna grande, a expansão exponencial termina, e o Universo-bebê aparece.” Descobrimos aí de onde veio o espaço-tempo que habitamos, é a tal pequena bolha de vácuo verdadeiro que se expandiu durante o período de inflação cósmica. Mas e toda a matéria do Universo? De onde ela pode ter vindo? Os pesquisadores explicam isso de maneira graciosa ao final de seu artigo. E a chave está nas partículas virtuais, que já mencionamos anteriormente. Veja o que eles dizem: “Em razão do princípio da incerteza de Heisenberg, deve haver pares de partículas virtuais criadas por flutuações quânticas. Falando de maneira geral, um par de partículas virtuais irá se aniquilar logo após seu nascimento. Mas duas partículas virtuais de um par podem ser separadas imediatamente antes da aniquilação pela expansão exponencial da bolha. Logo, haveria uma grande quantidade de partículas reais criadas conforme a bolha de vácuo se expande exponencialmente”, ou seja, a expansão súbita (lembre-se, por uma mínima escala de tempo, o Universo cresceu mais depressa que a velocidade da luz!) converteria os pares de partículas virtuais em reais, ao separá-las e levá-las a cantos opostos do cosmos. Eis aí a matéria-prima para tudo que existe, inclusive você e eu.

Obviamente, são teorias, e não há demérito nenhum em admitir que ainda não sabemos todas as respostas, mas a ciência funciona exatamente assim, ela parte da dúvida e procura explicações que estejam de acordo com as leis da física para desvendar os mistérios do universo. Muitas das grandes descobertas da ciência que hoje proporcionam toda a tecnologia que usufruímos começaram com teorias que na época pareciam estranhas e complicadas, mas, que hoje são fatos. O que nós não podemos fazer é “criar” um ser mágico e colocá-lo nesta lacuna que ainda não entendemos.  

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