Domingo, 17 Abril 2016 09:45

O pálido ponto azul

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Basta analisarmos com um pouco mais de profundidade a grandiosidade do universo, para percebermos como são pequenas nossas divergências sejam elas culturais, econômicas, raciais, religiosas, políticas e filosóficas. Vivemos num minúsculo planeta situado no sistema solar que por sua vez faz parte da galáxia Via-Láctea. Nós, insignificantes seres humanos, estamos como que presos neste planeta, pois se nos afastarmos apenas alguns quilômetros em direção ao espaço morreremos por falta de uma atmosfera que nos permita respirar. Com muita determinação, gastando bilhões de dólares, usando os mais renomados cientistas, após muitas tentativas, unindo todo o conhecimento tecnológico acumulado por anos de estudo, conseguimos ir à Lua, um satélite natural que gira em torno de nosso planeta. Calcula-se que daqui algumas décadas conseguiremos fazer uma viagem tripulada a Marte, o planeta mais próximo do nosso, pode-se dizer “aqui do lado”. Mas para isso, usando toda nossa ciência, levaremos segundo alguns cálculos otimistas, uns 7 meses para ir, isto se não acontecer nenhum imprevisto, porque já enviaram algumas pequenas naves sem tripulação e o resultado não foi o esperado.

     Agora pense, todo esse esforço para chegarmos a nosso vizinho, o planeta Marte. Só que depois de Marte a uma sucessão de planetas como Júpiter, Saturno, Netuno, e após estes saímos de nosso sistema solar entrando em um novo sistema, tendo no centro uma estrela e vários planetas girando em sua volta. Calcula-se que apenas em nossa galáxia exista cem bilhões de estrelas semelhantes ao nosso Sol, a maioria com vários planetas girando em torno de tais. Para termos uma ideia basta olharmos para o céu numa noite estrelada. Se o homem conseguisse viajar a velocidade da luz, aproximadamente trezentos mil quilômetros por segundo, algo impossível com a atual tecnologia humana, vemos isto acontecer apenas em filmes, na vida real creio que a humanidade levará milhões de anos para chegar a este conhecimento, mas suponhamos que num futuro distante o ser humano consiga viajar a velocidade da luz, que tal façanha se torne possível, sabe quanto tempo levaríamos para atravessar a nossa galáxia, a Via Láctea? Levaríamos cem mil anos! Isto mesmo, apenas para atravessar a nossa galáxia. Agora você faz ideia quantas galáxias existem? Calcula-se que existam mais de cem bilhões de galáxias no universo e aproximadamente cem bilhões de estrelas em cada galáxia. Astrônomos estimam que cerca de ¾ dessas estrelas possuem planetas ao seu redor, isto nos leva a dez sextilhões de planetas no universo, o número um seguido de vinte e dois zeros. Existem mais planetas do que os grãos de areia de todas as praias do mundo. Não é por acaso que o célebre astrônomo Carl Sagan chamou nosso planeta de pálido ponto azul diante da imensidão do universo. Portanto, é totalmente contrário as leis da probabilidade afirmar que somos a única espécie inteligente do universo, seria no mínimo um desperdício muito grande de espaço. Consegue perceber nossa insignificância diante da imensidão de nosso universo? (Carl Sagan, Pálido Ponto Azul. Companhia das Letras, 1994. ISBN 0-679-43841-6). Nosso planeta assemelha-se a uma grande espaçonave que vaga a esmo pelo universo infinito, tendo nele o necessário para nossa sobrevivência. Não conseguimos nem mesmo ir a Marte, quanto mais sairmos de nosso sistema solar ou de nossa galáxia. Parecemos uma pequena formiguinha que não consegue chegar à fazenda vizinha, quanto mais a outro país ou continente (Carl Sagan, Cosmos. Editora Francisco Alves, 1980. ISBN 0-375-50832-5).

     Realmente nossa pequenez e fragilidade são claramente expostas quando ocorre um fenômeno natural em nosso planeta, como um furacão, um terremoto, um maremoto ou a erupção de um vulcão. Todos esses nos fazem parecer pequeninos insetos incapazes de fazer algo em favor da sobrevivência. Portanto quem confinado dentro deste pequeno planeta pode afirmar que não existe vida em outros planetas? Não conseguimos nem sair daqui! Quem pode garantir que em outros sistemas ou galáxias não existam civilizações talvez bem mais evoluídas que a nossa e simplesmente tais seres preferem não se intrometer em nossos insignificantes assuntos, ou talvez sejam primitivos demais e assim nem fazem ideia de que existimos. Já pensou que situação peculiar? Eles não conseguem sair de lá e nós não conseguimos sair daqui! Todas estas possibilidades existem e ninguém preso a este pequeno planeta pode provar o contrário, estamos impotentes, viajando por este vasto universo, sem o menor controle de nossa direção, não sabemos nem mesmo para onde estamos indo.

     Diante de tudo isso, qualquer fanatismo, intolerância, preconceito ou divergência torna-se insignificante. Basta olharmos para o nosso processo de envelhecimento para termos uma atitude mais modesta e humilde. Ficamos inquietos e incomodados com a brevidade e futilidade da vida. A maioria das pessoas preza a vida, porém não se conforma com a morte, o fim abrupto e sem escape que todos mais cedo ou mais tarde se confrontam. É desolador observar a decadência física do ser humano, observar pessoas precisando da ajuda de outras para fazerem tarefas que na sua juventude seriam banais, ver o corpo definhar sem que nada possa ser feito para interromper esse cruel processo. Esta é uma realidade que todos vão enfrentar, a duração da vida do ser humano é como um breve instante diante dos bilhões de anos do universo, por isso precisamos parar com a ideia de que somos o centro do universo, que tudo gira em torno de nós e que todo esse vasto cosmos foi criado em nossa função. Todo esse pensamento egocêntrico criado por nosso intelecto tem contribuído para que o ser humano fique cada vez mais arrogante e prepotente, e nossa sociedade cada vez mais individualista e possessiva. É fundamental que o ser humano entenda sua pequenez e tire de seu coração toda essa arrogância e prepotência que tanto mal tem causado a seu semelhante.

     É claro que precisamos de amor próprio e autoestima, ter um objetivo nesta nossa curta e passageira vida, entretanto, estes nunca devem se basear numa mentira ou ilusão, também nunca devem nos levar a pensar que somos melhores que os outros, que somos os donos da verdade, que nossa religião, raça, etnia ou posição social nos coloca num nível superior aos demais humanos. 

Este texto foi extraído do livro "A BÍBLIA SOB ESCRUTÍNIO", para adquiri-lo CLIQUE AQUI!

 

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