Sexta, 17 Janeiro 2020 18:07

Conheça o livro sobre Suzane von Richthofen - Assassina confessa e hoje pastora evangélica!

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Suzane von Richthofen tem muitas novidades. E elas são repugnantes. A assassina confessa dos pais assinou um termo de união estável com o irmão de uma companheira de presídio. A mulher foi sentenciada a 29 anos porque junto com o marido e o amante estuprou suas duas irmãs gêmeas de três anos. Ela foi madrinha de casamento de outra detenta, meses atrás, que matou o filho de quatro anos do companheiro, dando-lhe socos na barriga, batendo sua cabeça contra a parede e o obrigando a tomar banho gelado num dia de inverno. O casamento foi com o pai do menino, dez anos depois do crime. A noiva estava de vermelho. Suzane diz que quer ser pastora evangélica. Já subiu ao púlpito, falando de perdão, e foi aplaudida sob gritos de Aleluia! por cerca de 300 pessoas. Também diz querer ser mãe; terá uma Isabela ou um Benjamim, e que vai mudar o sobrenome para o do marido. Quer ser Suzane Louise Olberg das Dores. As revelações estão no livro "Suzane - Assassina e Manipuladora", que o UOL publica trechos com exclusividade e que chega hoje às livrarias. Para o autor, entrevistado nesta reportagem, o jornalista Ullisses Campbell, Suzane é a presa mais famosa do Brasil. "Ela é a líder de Tremembé, presídio que abriga os presos mais perigosos do Brasil. Por lá passaram mulheres como Anna Carolina Jatobá e Elize Matsunaga. Além de ser uma personalidade midiática, ela conquistou o respeito da Administração Penitenciária, da Defensoria Pública e da juíza que executa sua pena", diz. Trabalhando como coordenadora da oficina de costura, Suzane ganha um salário mínimo. Segundo Campbel, tem ainda 120 mil reais pagos por Gugu para dar-lhe uma entrevista e um apartamento de 1 milhão de reais, deixado pela avó paterna -depois do crime. Dorme em um galpão com cerca de 100 beliches e cinco vezes por ano tem direito a saidinha de sete dias. Nelas, vai para a casa do companheiro, o marceneiro Rogério Olberg das Dores, em Angatuba, no interior paulista. O livro traz outras surpresas. Conta, por exemplo, que Cristian Cravinhos, seu ex-cunhado e um dos executores dos crimes, teve um romance homossexual e uma fratura peniana dentro da cadeia. Há também sugestões de corrupção relacionadas ao pai de Suzane e o PSDB. Se faz necessário dizer que o livro tem muitas passagens, especialmente diálogos, que não soam convincentes. "As histórias foram reconstituídas a partir de conversas com os personagens e de depoimentos que eles deram à Justiça. É o que se costuma chamar de jornalismo literário", diz Campbell. Para chegar às histórias, o jornalista pesquisou o universo de Suzane von Richthofen por três anos. Entrevistou 56 presas que cumpriram pena com ela e 16 agentes penitenciários lotados nas cadeias por onde a criminosa passou. Cristian Cravinhos foi entrevistado oito vezes. Campbell diz que esteve com Suzane três vezes e com Daniel, quatro. Os dois se recusaram a dar entrevistas formais. O autor diz que contou com eles, porém, para checagem de informações. Suzane tem 36 anos. Está presa há quase 18. Sua pena é de 39 anos e seis meses, por ter matado os pais Marísia e Manfred, em 2002, com o namorado e o cunhado. Ao contrário de Daniel Cravinhos, que já está em regime aberto, ela não pode sair do xadrez. Motivo: não convence psiquiatras e juízes que se arrependeu e não vai voltar a matar. Mas este ano, tudo pode mudar.

Casamento, pedofilia e nome insólito

Repórter: A Suzane mudou?

Ulisses Campbell: Ela continua se cercando de pessoas violentas. Além da pedófila e da mulher que matou o enteado, ela namorou uma homossexual conhecida como Sandrão, que sequestrou e matou o filho de uma amiga. Sandrão já tinha se relacionado com Elize Matsunaga, do caso Yoki, que esquartejou o marido. Para ser aceita pelos parentes do marceneiro Rogério Olberg das Dores, ela passou por uma espécie de sabatina. Vinte deles se reuniram numa sala e fizeram-lhe perguntas sobre os assassinatos. Uma tia quis saber porque ela matou os pais. Suzane apelou para a antiga história de que vivia oprimida pelos pais e que sucumbiu à manipulação de Daniel. Se esforçou pra chorar mas não conseguiu. Assim que sair da cadeia, na minha opinião, ela vai rir dessa igreja e dar o pé em Rogério. Ela está nesse relacionamento por duas conveniências: achou uma família que passa por uma situação criminal e emocional ainda pior que a dela e viu que ali podia ser aceita. Além disso, quando entrou no regime semiaberto, em que tem saidinhas, precisava de um lugar para ir. Rogério está com ela por mais um motivo: quando você tem um parente preso, participa do microcosmo do ambiente prisional. A Suzane ali é a rainha, a maior celebridade. E ele pensa 'sou eu que estou com ela'. É uma vaidade. É como se um figurante de Hollywood namorasse a Angelina Jolie.

Trecho do livro: "(...) 'Numa conversa séria que tivemos, ficou claro que não pode haver mentira no nosso relacionamento. Se eu descobrir que a Suzane mentiu haverá um estrago grande. Não sei nem dizer o que eu faria', previu Rogério ao jornalista Geraldo Luís, da TV Record. (...) Disse que existe uma Suzane que só ele conhece, educada, delicada, sensível e romântica. Detalhe: as mesmas características atribuídas a ela por amigos e professores na época do crime.

Teste de violência: ela falha em todos

Repórter: Quais são os resultados dos mais recentes exames psicológicos feitos em Suzane?

Campbell: O teste mais importante ao qual ela foi submetida, e por três vezes, chama-se Rorschach. Ele é composto por 10 pranchas com imagens abstratas. O paciente tem que analisá-las e dizer ao psiquiatra o que enxerga nelas. As respostas projetam aspectos da personalidade, incluindo alguns que o analisado não quer que venham à tona; por exemplo, violência, raiva, traumas e aspectos da sexualidade. Geralmente é aplicado em presos que mataram de forma violenta familiares, autores de crimes sexuais, pedófilos e assassinos em série. Ele mostra como o preso lida com o crime, se está arrependido e se pode voltar a cometê-lo. Suzane foi reprovada em todas as avaliações. A última foi em 2018. Tentará outro este ano. Se passar, tem possibilidade de migrar para a prisão fora da cadeia. Quando perguntada se sente remorso, ela diz que sim. Mas o motivo do suposto arrependimento entrega sua mente conturbada. Ela diz: "perdi a melhor fase da minha vida na cadeia. Eu podia ter estudado, ter uma profissão, construído uma vida". Suzane computa os assassinatos como um prejuízo pessoal. E em um dos testes, tentou seduzir o psicólogo. Em outro, foi pega numa fraude. Algumas dessas pranchas e o que Suzane viu nelas abrem os capítulos do meu livro. Ela fala em fantasma, jardim, Cristo crucificado, pênis ereto, vampiro, um homem deitado e o demônio com chifres. Suzane foi avaliada por bancas de psicólogos e psiquiatras e nenhum deles a categorizou como psicopata. Ela é muito pior que um psicopata. Essas pessoas não necessariamente saem matando. Os especialistas a categorizam como narcisista, egocêntrica, com agressividade camuflada e comportamento infantilizado. A combinação dessas características é muito perigosa. Enquanto os pais eram mortos a pauladas com gritos ela tapou os ouvidos e em nenhum momento chorou.

Trecho do livro: "(...) Aos 30 anos, doze depois de matar os pais, Suzane fez o teste, a seu pedido, para a Justiça determinar se ela poderia ir para um regime mais leve de prisão. Perfumou-se, ofereceu água e café para o psicólogo, e na frente dele fez um coque meio bagunçado no cabelo. (...) Disse, com voz macia, 'Nossa, você é jovem!'. Ele agradeceu, e mostrou para ela a primeira prancha. Ela teria respondido: um esqueleto, mandíbulas, um cálice e uma flor. (Em outro teste) Suzane recorreu a uma fraude. Conseguiu com um advogado um livro sobre o teste e estudou. A 'cola' não dá certo. O paciente é obrigado a mostrar para o psicólogo o ponto exato onde diz ter encontrado tal figura. Eles também percebem o drible porque o paciente de má-fé dá respostas rápidas."

O promotor e a boate

Dizendo-se ameaçada por uma detenta, Suzane pede para o promotor Eliseu José Bernardo Gonçalves, da Vara do Júri e de Execuções Criminais em Ribeirão Preto, para mudar de cadeia. O que se segue, segundo Campbell, é a descrição de um assédio sexual teoricamente feito contra Suzane pelo promotor, como forma de pagamento pela transferência.

Trecho do livro: "(...) Suzane foi algemada e entrou em um furgão rumo ao Ministério Público. No gabinete de Eliseu as algemas foram retiradas. Segundo relato de Suzane, a sala estaria transformada em boate, com som dançante e um globo de luzes. Em determinado momento, Eliseu teria tirado o CD de música agitada e posto um com a canção 'Chega de Saudade'. Segundo Suzane, o promotor teria se declarado apaixonado e lido poesias de sua autoria. 'Não consigo mais viver sem você'. Eliseu teria se aproximado para dar um beijo em sua boca, mas a assassina pediu para ir ao banheiro. (...) Ela saiu do gabinete e atravessou a primeira porta que viu aberta. Era a do corregedor. Lá, foi prática: 'quero registrar uma denúncia de assédio sexual"

Fonte: UOL

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