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Sexta, 02 Dezembro 2016 16:35

A História do Espiritismo

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Espiritismo ou Doutrina espírita é a doutrina codificada pelo pedagogo francês Hippolyte Léon Denizard Rivail, usando o pseudônimo Allan Kardec. É uma doutrina estabelecida mediante a fusão da ciência, filosofia e religião, buscando a melhor compreensão não apenas do universo tangível (científico), mas também do universo a esse transcendente (religião). É baseada em cinco obras básicas, escritas por ele, através da observação de fenômenos que o mesmo atribuía a manifestações de inteligências incorpóreas ou imateriais, denominadas espíritos. A codificação espírita está presente em: O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese; somam-se à codificação as chamadas obras "complementares", como O Que é o Espiritismo, Revista Espírita e Obras Póstumas. O termo Espiritismo foi cunhado por Kardec em 1857 para definir especificamente o corpo de ideias por ele reunidas e codificadas em "O Livro dos Espíritos". Na publicação do livro "O Que é o Espiritismo", o codificador a define como uma doutrina que trata da "natureza, origem e destino dos espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal e as consequências morais que dela emanam", e fundamenta-se nas manifestações e nos ensinamentos dos espíritos. Também é compreendida como uma doutrina de cunho científico-filosófico-religioso voltada para o aperfeiçoamento moral do homem, que acredita na possibilidade de comunicação com os espíritos através de médiuns. Embora o Espiritismo tenha importado, a fim de estruturar seu corpo de conhecimento, muito da metodologia científica, mostra-se importante ressaltar que ele desenvolve-se sobre princípios que transcendem os rigores dessa metodologia, de forma que vários dos resultados e fenômenos dentro do Espiritismo entendidos como válidos perante sua metodologia própria não se sustentam frente à metodologia científica - essa estabelecida com base e princípios certamente mais rigorosos e restritivos. Quando o termo ciência é usado com acepção estrita (acadêmica), tais extrapolações ao método cientifico, embora internamente úteis ao validarem vários preceitos da doutrina, impedem a classificação do Espiritismo como ciência; e essa doutrina não constitui cadeira científica, mesmo compartilhando com a ciência de outrora o estudo de vários fenômenos, e nela encontrando-se por vezes referências frequentes a vários cientistas de renome. O termo ciência a vigorar junto ao espiritismo caracteriza-se por acepção lata e não estrita na grande maioria dos casos, sobretudo na atualidade. Muitos cientistas e intelectuais renomados empenharam-se em investigações sobre a mediunidade e suas implicações para as relações mente-cérebro, entre eles: Allan Kardec, Alfred Russel Wallace, Alexandre Aksakof, Cesare Lombroso, Camille Flammarion, Carl Jung, Cesare Lombroso, Charles Richet, Gabriel Delanne, Frederic Myers, Hans Eysenck, Henri Bergson, Ian Stevenson, J. J. Thomson, J. B. Rhine, James H. Hyslop, Johann K. F. Zöllner, Lord Rayleigh, Marie Curie, Oliver Lodge, Pierre Curie, Pierre Janet, Théodore Flournoy, William Crookes, William James e William McDougall. Aparte os rigores científicos, a doutrina muito tem se expandido e, segundo dados do ano 2005, conta com cerca de 15 milhões de adeptos espalhados entre diversos países, como, Portugal, Espanha, França, Reino Unido, Bélgica, Estados Unidos, Japão, Alemanha, Argentina, Canadá, e, principalmente, alguns países americanos como Cuba, Jamaica e Brasil, sendo que este tem a maior quantidade de adeptos no mundo. Mas vale frisar que é difícil estipular a quantidade de espíritas que existem no mundo, pois as principais estipulações sobre isso são baseadas em censos demográficos em que se é perguntado qual a religião dos cidadãos, porém não há consenso entre os espíritas sobre a questão do Espiritismo ser ou não uma religião. A causa disto é o tríplice aspecto do Espiritismo que permite classificá-lo como "ciência-filosofia-religião", desta forma um conhecimento triplo que permite a união dessas três formas de pensamento. O médium e filantropo espírita Chico Xavier define e completa a ideia da seguinte forma: "De maneira que se tirarmos a religião do Espiritismo fica um corpo sem coração, se tirarmos a ciência fica um corpo sem cabeça e se tirarmos a filosofia fica um corpo sem membros." No preâmbulo do livro "O Que É o Espiritismo?", Allan Kardec afirma que o Espiritismo é, ao mesmo tempo uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática ele consiste nas relações que se estabelecem entre nós e os Espíritos; como filosofia, compreende todas as consequências morais que emanam essas mesmas relações. Há ainda quem conteste o aspecto religioso do Espiritismo, contudo no livro publicado pelo codificador, intitulado "O Espiritismo na sua mais simples expressão", claramente ele assegura: Do ponto de vista religioso o Espiritismo tem por base as verdades fundamentais de todas as religiões: Deus, a alma, a imortalidade, as penas e as recompensas futuras, sendo, porém, independente de qualquer culto em particular. Seu objetivo é provar àqueles que negam, ou que duvidam, que a alma existe, que ela sobrevive ao corpo e que sofre, após a morte, as consequências do bem e do mal que praticar durante a vida corpórea: o objetivo de todas as religiões. Kardec ainda esclarece que Espiritismo é religião no Discurso de Abertura da Sessão Anual Comemorativa do dia dos Mortos (Sociedade de Paris, 1º de novembro de 1868), em que diz: Se é assim, perguntarão, então o Espiritismo é uma religião? Ora, sim, sem dúvida, senhores! No sentido filosófico, o Espiritismo é uma religião, e nós nos vangloriamos por isto, porque é a Doutrina que funda os vínculos da fraternidade e da comunhão de pensamentos, não sobre uma simples convenção, mas sobre bases mais sólidas: as próprias leis da Natureza. Alguns nomes são tidos como continuadores da doutrina, e de fundamental importância para sua expansão, entre eles: Arthur Conan Doyle, Albert de Rochas, Alexandre Aksakof, Amalia Domingo Soler, Bezerra de Menezes, Camille Flammarion, Chico Xavier, Divaldo Franco, Ernesto Bozzano, Gabriel Delanne, Gustave Geley, Haroldo Dutra Dias, Herculano Pires, Hernani G. Andrade, Hermínio C. Miranda, Léon Denis, Oliver Lodge, Raul Teixeira, Raymond Moody, Vera Kryzhanovskaia, Waldo Vieira, William Crookes, Yvonne Pereira e Zilda Gama

 

As Origens

Durante o século XIX houve uma grande onda de manifestações mediúnicas nos Estados Unidos e na Europa. Estas manifestações consistiam principalmente de ruídos estranhos, pancadas em móveis e objetos que se moviam ou flutuavam sem nenhuma causa aparente. No final dos anos 1840 destacou-se o suposto caso das Irmãs Fox, nos EUA. Em 1855, o professor Denizard Rivail, que depois adotou o pseudônimo de Allan Kardec, pretendia investigar o fenômeno que muitas pessoas afirmavam ter experimentado na época, das mesas girantes ou dança das mesas, em que mesas e objetos em geral pareciam animar-se com uma estranha vitalidade. Apesar de inciais afirmações aparentemente céticas "Eu crerei quando vir e quando conseguirem provar-me que uma mesa dispõe de cérebro e nervos, e que pode se tornar sonâmbula; até que isso se dê, deem-me a permissão de não enxergar nisso mais que um conto para dormir em pé", assegura-se que após dois anos de pesquisas, não tinha visto constatação de fraudes e nem um motivo para englobar todos os acontecimentos dessa ordem no âmbito das falácias e/ou charlatanices. Pessoalmente convencido não só da realidade do fenômeno, que considerou essencialmente real apesar das mistificações existentes, mas também da possibilidade de ele ser causado por espíritos, Rivail, em lugar de dedicar o resto de sua vida à busca por "provar cientificamente" a explicação mediúnica para esses pretensos fenômenos, sagrou-se a explorar as consequências da hipótese de que fossem causados pela ação de espíritos. Segundo os seguidores da Doutrina Espírita, os fenômenos mediúnicos seriam universais e teriam sempre existido, inclusive com fartos relatos na Bíblia. Entre outros, os espíritas citam como exemplos mediúnicos bíblicos a proibição de Moisés à prática da "consulta aos mortos", que seria uma evidência da crença judaica nessa possibilidade, já que não se interdita algo irrealizável; a consulta de Saul, primeiro rei do antigo reino de Israel, à Médium de En-Dor, em 1 Samuel 28. A médium vê e ouve o Espírito desencarnado de Samuel, o último dos juízes de Israel e o primeiro dos profetas registrados na história do seu povo; a comunicação de Jesus com Moisés e Elias no Monte Tabor, citada no Evangelho de Mateus 17:1-9, entre outros. Na filosofia antiga também há exemplos: nos Diálogos de Platão, este fala sobre o daimon ou gênio que acompanharia Sócrates. Muitos espíritas adotam a data de 31 de março de 1848 (início dos acontecimentos mediúnicos na residência das Irmãs Fox em Hydesville, EUA) como o marco inicial das modernas manifestações mediúnicas, alegadamente mais ostensivas e frequentes do que jamais ocorrera, o que levou muitos pesquisadores a se debruçarem sobre tais fenômenos. No entanto, para Sir Arthur Conan Doyle e vários outros espíritas, o marco inicial das modernas manifestações mediúnicas foi na verdade Emanuel Swedenborg, polímata sueco do século XVII. Segundo Conan Doyle, a espiritualidade de Swedenborg marcou o início da era em que fenômeno mediúnico deixou de ter caráter esporádico, para transformar-se numa espécie de "invasão espiritual organizada" na Terra Quanto à sua formação, foi discípulo de Pestalozzi discípulo por sua vez de Rousseau, apesar da sua teórica pesquisa não seguir métodos estritamente científicos ou mesmo naturalistas. O seu intuito era dar algum suporte à espiritualidade humana numa época em que a ciência avançava a passos largos e as religiões perdiam cada vez mais adeptos. Kardec julgava ter encontrado um novo modo de pensar o real, que uniria, de forma ponderada, a ascendente ciência e a decadente religião. Assim, Kardec defendia que fazia uso do empirismo científico para investigar os fenômenos, da racionalidade filosófica para dialogar com o que presumiu serem espíritos e analisar suas proposições, e buscou extrair desses diálogos consequências ético-morais úteis para o ser humano. Surgia aí, mais precisamente em 18 de abril de 1857, a doutrina espírita, sistematizada na primeira edição de O Livro dos Espíritos. Nos Estados Unidos, desde os primórdios de seu aparecimento, o Espiritismo tem sido mais comumente denominado "Moderno Espiritualismo", em face da introdução de um caráter científico-filosófico-religioso novo nas ideias já existentes do espiritualismo. Nos países de língua inglesa, assim como boa parte da europa, o espiritismo ainda é considerado, primordialmente, uma ciência de observação dos fenômenos espiritualistas (uma espécie de "espiritualismo científico ou experimental") e, muito menos, como uma religião. O Espiritualismo norte-americano e inglês evoluiu de forma bem diferente do que é conhecido como Espiritismo ou Doutrina Espírita, conforme codificado por Allan Kardec.

 

Doutrinas principais

A doutrina espírita, de modo geral, fundamenta-se nos seguintes pontos: Existência e unicidade de Deus, desconstruindo o dogma da Santíssima Trindade (Conforme está na primeira questão de "O Livro dos Espiritos" - "Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas"); O universo é criação de Deus, incluindo todos os seres racionais e irracionais, animados e inanimados, materiais e imateriais, que por sua vez, todos estão destinados a lei de evolução; Existência e imortalidade do espírito, compreendido como individualidade inteligente da Criação Divina (para Kardec, a ligação entre o espírito e o corpo físico, é feita por meio de um conectivo "semimaterial" que denomina de perispírito); Volta do espírito à matéria (reencarnação), tantas vezes quanto necessário, como o mecanismo natural para se alcançar o aperfeiçoamento a perfeição. No entanto os espíritas não creem na metempsicose; Conceito de "criação igualitária" de todos os espíritos, "simples e ignorantes" em sua origem, e destinados invariavelmente à perfeição, com aptidões idênticas para o bem ou para o mal, dado o livre-arbítrio; Possibilidade de comunicação entre os espíritos encarnados ("vivos") e os espíritos desencarnados ("mortos"), por meio da mediunidade (Essa comunicação é realizada com o auxílio de pessoas com determinadas capacidades - os médiuns, como por exemplo a chamada "escrita automática" (psicografia)); Lei de causa e efeito, compreendida como mecanismo de retribuição ética universal a todos os espíritos, segundo a qual nossa condição é resultado de nossos atos passados; Pluralidade dos mundos habitados, a ideia de que a Terra não é o único planeta com vida inteligente no universo; Jesus como sendo o guia e modelo para toda a humanidade. Segundo o espiritismo, a moral cristã contida nos evangelhos canônicos é o maior roteiro ético-moral de que o homem possui, e a sua prática é a solução para todos os problemas humanos e o objetivo a ser atingido pela humanidade. Além disso, podem-se citar como características secundárias: A noção de continuidade da responsabilidade individual por toda a existência do espírito; Progressividade do espírito dentro do processo evolutivo em todos os níveis da natureza; Ausência total de hierarquia sacerdotal; Abnegação na prática do bem, ou seja, não se deve cobrar pela prática da caridade nem o fazer visando a segundas intenções, toda a prática espírita é gratuita, como orienta o princípio moral do evangelho: “Dai de graça o que de graça recebestes”; Uso de terminologia e conceitos próprios, como, por exemplo, perispírito, reencarnação, lei da evolução, lei de causa e efeito, mediunidade, centro espírita; Ausência de rituais institucionalizados, a exemplo de batismo, culto ou cerimônia para oficializar casamento; Incentivo ao respeito para com todas as religiões e opiniões.

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