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Terça, 08 Maio 2018 14:32

Por que não podemos criticar as religiões?

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As Religiões tem determinadas ideias que as pessoas denominam como sagradas. Isto significa que você não pode falar de certa noção ou ideia. Por que não? Por que não, e pronto! Acho peculiar isso, se alguém vota em um partido com o qual você não concorda, você pode discutir isso o quanto quiser, todo mundo terá um argumento, mas ninguém vai se sentir ofendido. Se alguém acha que os impostos devem subir ou baixar, você pode ter uma discussão sobre isso. Mas se alguém disser "A humanidade começou com dois pelados e uma cobra falante", você tem que dizer: "eu não vou falar contra isso". Como é possível que seja perfeitamente legítimo apoiar o PT ou o PSDB, o capitalismo ou o socialismo, o Macintosh ou o Windows, mas, não ter uma opinião sobre como o universo começou, sobre como começou a vida na terra, NÃO, ISSO É SAGRADO!!! Todo mundo fica absolutamente louco porque não se pode falar destas coisas. Mas, se analisarmos racionalmente, não há nenhuma razão para que estas ideias não estejam sujeitas ao debate tanto quanto qualquer outras. 

     Veja um outro exemplo do respeito exagerado de nossa sociedade pela religião. De longe o meio mais fácil de se obter permissão para dispensa do serviço militar é por motivo religioso. Você pode ser um filósofo brilhante da moralidade com uma tese de doutorado premiada sobre os males da guerra, um pacifista laureado, que mesmo assim pode ter dificuldade diante dos avaliadores para ser dispensado por motivo de consciência. Mas, se você falar que seus pais são evangélicos, consegue fácil, mesmo que seja completamente iletrado ou desarticulado quanto a teoria do pacifismo ou do próprio evangelismo.

   Vocês já observaram a relutância que as pessoas tem em usar nomes religiosos para facções de guerra. Na Irlanda do Norte, católicos e protestantes ganham os nomes eufemistas de "nacionalistas" e "legalistas". A própria palavra "religiões" e censurada e transformada em "comunidades" como em guerra intercomunidades. O Iraque entrou numa guerra civil sectarista entre muçulmanos sunitas e xiitas, porém todos os noticiários da época descreveram o conflito como "limpeza étnica". "Étnica", neste conceito é mais um eufemismo, estamos falando de limpeza RELIGIOSA, como também na ex Iugoslávia onde uma limpeza RELIGIOSA envolvendo sérvios (cristãos ortodoxos), croatas (cristãos católicos) e bósnios (muçulmanos) foi chamada de limpeza étnica.

    Veja outro exemplo estranho do privilégio dado a religião. Em 21 de fevereiro de 2006, a Suprema Corte dos Estados Unidos determinou, de acordo com a constituição, que uma igreja no Novo México deveria ser isenta da lei que proíbe o uso de drogas alucinógenas. Isto porque os integrantes do Centro Espírita Beneficente União Vegetal acreditam que só conseguem compreender Deus tomando chá de ayahuasca, que contém a droga ilegal dimetiltriptamina. Perceba que basta que eles ACREDITEM que a droga aumenta sua compreensão do divino que tudo bem, eles não tem que fornecer provas. Por outro lado, há muitas provas de que a maconha alivia náuseas e o desconforto de doentes de câncer submetidos a quimioterapia. Mesmo assim, novamente de acordo com a constituição, a Suprema Corte determinou em 2005 que todos os pacientes que usarem maconha com fins medicinais estarão sujeitos a indiciamento federal. A religião é como sempre o trunfo. Imagine se artistas começassem a alegar na justiça que "acreditam" que determinado alucinógeno aumentam sua compreensão dos quadros impressionistas e surrealistas. Mas, quando uma igreja alega uma necessidade semelhante, recebe o apoio da mais alta corte do país. Isso sem falar nos privilégios com impostos e trabalho voluntário na maioria dos países.

    Não sou a favor de ofender nem magoar ninguém sem motivo. Mas fico intrigado e espantado com o privilégio desproporcional da religião em nossas sociedades ditas laicas. Todos os políticos e pessoas públicas tem de se acostumar com caricaturas e críticas muitas vezes ácidas sobre suas pessoas e ninguém faz atos públicos em sua defesa. O que a religião tem de tão especial (seja ela qual for) para que asseguremos a ela um respeito tão privilegiado e singular, acima de todos os demais?

    É por isso tudo que penso que a sociedade precisa de alguma forma começar a mudar essa mentalidade de eterno favorecimento das instituições religiosas para que as pessoas comessem a entender que críticas a certas ideias e ações de instituições religiosas não significam críticas as pessoas que seguem determinado credo. Os religiosos tem que começar a se acostumar com críticas as suas instituições assim como um político, uma celebridade, um artista, um esportista convivem com constantes críticas as suas ideias ou ações que muitos não consideram corretas. Tal mentalidade infelizmente está causando um atraso em nossa sociedade, dificultando o avanço de diversas pesquisas cientificas e aprovação de leis para melhorar a vida das pessoas.

    Por exemplo, nesta recente visita do Papa Francisco que tanta comoção causou em nosso país, era uma excelente oportunidade para que certos questionamentos fundamentais fossem feitos a ele, mas, o que vimos foi uma tremenda sequência de bajulações e reverencias, uma enxorada de eventos onde a preocupação da imprensa era o CARRO popular que o papa usou, a rota errada que ele pegou, que ele abaixou o vidro para acenar, blá, blá, blá....

    Inclusive um reporter da rede globo teve um oportunidade ímpar de questiona-lo numa entrevista exclusiva, onde em vez de aproveitar para fazer as perguntas que todos queriam ouvir, se limitou apenas a bajula-lo.

    Eu pergunto a vocês, por que ele não perguntou o motivo da Igreja Católica continuar a insistir na proibição do uso da camisinha para seus bilhões de fiéis, visto que a pandemia da AIDS continua a assolar a terra e continentes como a África estão perdendo o controle porque milhões de católicos naquela região se negam a usar preservativos devido a proibição da igreja?

   Por que a igreja insiste em proibir que um católico se case uma segunda vez na igreja, visto que muitos casais por vários motivos não dão certo e alguns vivem uma vida insuportável ao lado de uma pessoa que não ama apenas para agradar a igreja, ou outros talvez se separam e encontram outra pessoa que realmente amam e seu maior desejo é casar-se na igreja e comungar nos costumes mas são impedidos disso, causando uma terrível frustração e tristeza nestes fiéis?

    Por que a igreja ainda insiste no celibato, obrigando muitos padres que realmente tem vocação para o sacerdócio a não terem outra opção a não ser largar a batina, ou outros que ficam como padres mas tem que sufocar desejos que em muitos casos acabam em horríveis casos de pedofilia onde a igreja tem que gastar milhões de dólares em indenizações para abafar o caso causando um tremendo mal estar e abalando a reputação da igreja?

   Por que a igreja continua contrária a pesquisa com células tronco, fazendo até lobby político para barrar as pesquisas limitando um estudo que poderá trazer inimagináveis benefícios a milhões de pessoas que estão sofrendo padecimentos terríveis, incluindo muitos católicos? Por que a igreja continua com essa posição intransigente com respeito ao aborto em casos de estupro e fetos anencéfalos obrigando milhares de mulheres a carregar uma criança sem cérebro até o final de gestação sabendo que vai concebe-lo apenas para enterra-lo?

    Como a igreja pode bradar em alto som que deseja o fim da fome e pobreza no mundo que em muitos casos é causado pela super população e a explosão demográfica quando na realidade é contra métodos anticonceptivos (como a camisinha)?

   Eu pergunto a vocês, algumas destas perguntas acima foram feitas ao Papa??? Pelo que eu saiba NÃO!!! Infelizmente não. Imaginem se toda a sociedade começasse a realmente questionar a igreja católica, perdendo esse respeito excessivo que existe com as religiões? Eu citei aqui a igreja católica apenas devido a visita do Papa, mas, questionamentos até maiores poderia ser feitos ao islamismo, judaísmo, protestantes, pentecostais, testemunhas de Jeová, mórmons, etc, etc, etc... Imaginem o grande avanço que causaria a sociedade em geral uma mudança de posição da igreja católica em pelo menos alguns destes pontos que citei acima? Imaginem quanto sofrimento, dor, frustração, trauma, abusos poderiam ser evitados com apenas uma mudança de posição? Mas eu pergunto a vocês, se continuarmos com esse passivismo, indolência e excessivo respeito pelas instituições religiosas alguma coisa vai mudar? Se não protestarmos, criticarmos, questionarmos com veemência eles vão se sentir induzidos a mudarem seus conceitos???

 

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