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Sábado, 18 Agosto 2018 11:48

Cinco equívocos que se afirma sobre a teoria da evolução

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Quando o tema são buracos negros, os estranhos hábitos sexuais dos insetos ou se o que tem na sua geladeira causa/cura câncer, não tem polêmica: quase todo mundo solta um "uau, a ciência é fantástica, não, minha gente?". Mas é falar em teoria da evolução, de Charles Darwin, e metade do público parece entrar em pânico, no modo "não é bem assim, minha gente".

Pesquisa de Darwin não
concluiu que evolução
é a lei do mais forte 

O fato é que Hollywood, os quadrinhos e os videogames também fazem um baita trabalho em deseducar as pessoas sobre a teoria mais importante da biologia. A seguir, algumas das bobagens que pipocam em qualquer conversa sobre evolução - e já passaram da hora de serem enterradas.

 

1) É só uma teoria


Sim, a evolução é "só" uma teoria. Assim como a relatividade, a ideia de que a Terra gira em torno do Sol (heliocentrismo) e a teoria dos germes, que diz que doenças podem ser causadas por bactérias e vírus. Teoria, em ciência, não é o mesmo que a "teoria" do dono do boteco de que jogadores de futebol de canelas grossas são piores que os de canelas finas. Uma teoria científica é uma explicação abrangente e amplamente aceita para fatos sólidos e bem conhecidos. No caso da moderna teoria da seleção natural, esse fato é a evolução. Pois é, fato. Já se sabia da evolução muito antes de Darwin - a primeira teoria da evolução, o lamarckismo, surgiu no ano de seu nascimento, em 1809. O que torna a evolução um fato observável é que os animais de hoje não são iguais aos do passado, o que sabemos pelo registro fóssil, e que não existiam animais como os de hoje no passado. Isso quer dizer que os animais se modificaram. Evoluíram. Darwin só explicou como. Outra variação desse argumento é dizer que não é "lei", como a da gravidade. Leis, na verdade, são menores que teorias. Elas descrevem o que se esperar de uma situação muito específica - por exemplo, um objeto caindo. Teorias explicam o porquê, e contém as leis.


2) Evolução é contra a religião


A evolução pode não bater com o literalismo bíblico, acreditar que as coisas foram palavra por palavra como no Livro do Gênesis e o resto da Bíblia. Mas até aí, também não batem com isso a geologia, a genética, a astronomia, a arqueologia, a paleontologia, a história... enfim, com todo o respeito à fé de cada um, a realidade. A maioria dos cristãos - inclusive a maioria dos brasileiros - não é assim. Eles não enxergam problema nenhum em acreditar em Deus e Darwin ao mesmo tempo, lendo a Bíblia mais como uma metáfora. De fato, essa é a posição oficial da Igreja Católica desde o papa Pio XII, e foi bastante reforçada por João Paulo II e seus sucessores. Para o fiel, a evolução pode ser entendida como o plano de Deus. Sem crise.

 

3) A evolução é a lei do mais forte

A seleção natural - cujo resultado é a evolução, não vamos confundir as duas coisas - favorece o mais apto. E mais apto significa quem se reproduz melhor e deixa mais descendentes, nada além disso. Quando a comida é escassa, por exemplo, ser menor (e gastar menos energia) pode ser uma vantagem. De nada adianta ser grandalhão e malvado e morrer de fome - isso não gera descendentes. Não que a seleção natural não seja implacável de outra maneira. Pela amplamente aceita teoria do gene egoísta, ela trata pura e exclusivamente da reprodução num nível genético, não de espécie e nem de indivíduo. O indivíduo que se lixe. É por isso que existem coisas como genes letais, que fazem com que vários animais morram após se reproduzirem. Passou o gene, venceu.

 

4) Organismos ficam "mais avançados" com a evolução

Assim como a seleção natural pode fazer mal aos indivíduos, se isso ajudar os genes, ela não necessariamente leva a seres que acharíamos mais complexos, interessantes, bonitos, inteligentes - enfim, mais como a gente. Não existe plano na evolução. Animais que um dia foram capazes de voar - o que tem algo de poético para nós - deixam de ser quando não existe mais pressão seletiva para que isso aconteça. Um caso interessantíssimo é o dos tunicados, seres marinhos às vezes bem bonitos, lembrando vasos de flores. Eles basicamente não tem cérebro ou órgãos dos sentidos e vivem como esponjas, os seres multicelulares mais simples que existem, fixos ao solo marinho e filtrando plâncton. Só que eles têm um segredo - são parentes distantes de nós. Em seu passado evolutivo, eles se pareciam com peixes e tinham cérebro, nadando livremente. De fato, eles ainda são assim em sua fase larval, o que faz com que sejam chamados de "animal que come o próprio cérebro". No caso deles, a evolução decidiu que o cérebro era dispensável.O ser humano que se cuide, aliás: desde a Idade da Pedra, nosso cérebro vem diminuindo.

 

5) Alguns animais - e gente - pararam de evoluir


Não corremos mais do leão nem precisamos matar uma mamute com a força dos próprios braços. Podemos passar o dia inteiro em frente à TV e ainda assim levar adiante os nossos genes. Sem essa pressão, será que a evolução parou? Enquanto algumas pessoas tiverem mais filhos que as outras, não. Cientistas discutem em qual direção estamos evoluindo agora, com alguns apontando coisas como uma menopausa mais tardia. O que é certeza é que não estamos criando um cabeção alienígena supergênio. Só seria assim se gente como Stephen Hawking e Neil DeGrasse Tyson fossem os maiores ricardões do planeta. Outra coisa interessante: os ditos "fósseis vivos", bichos que praticamente não mudaram por milhões de anos. O fascinante neles é que não mudam porque a evolução não parou. Mutações acontecem o tempo todo - se um bicho mantém a mesma forma, é porque a evolução está filtrando essas mutações fora. Evitando que mude. Por isso que não existe bicho mais ou menos evoluído. Em time que está ganhando, não se mexe.
 
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