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Domingo, 12 Novembro 2017 16:33

Deuses Nórdicos

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A mitologia nórdica, também conhecida como mitologia escandinava ou viking, é composta pelo conjunto de lendas, crenças e religião dos povos escandinavos antigos (que habitaram a região da Península da Escandinávia). Os principais mitos nórdicos são originários, portanto, dos reinos vikings. A mitologia nórdica era uma coleção de histórias e crenças compartilhadas pelos povos germânicos do norte. Ela foi transmitida de forma regular de geração para geração, principalmente através de poesias. Essa mitologia chegou até nós através, principalmente de textos medievais escritos durante e após o processo de cristianização da região. Outra importante fonte foram os Edas (conjunto de textos encontrados na Islândia que apresentam históricas e personagens mitológicos). A transmissão dos mitos permaneceu durante a Era Viking. Os mitos e lendas eram transmitidos, principalmente, de forma oral de geração para geração. O mundo era representado como um disco plano. Os deuses nórdicos habitavam Asgard (espécie de cidade sagrada cercada por muros). Os deuses deram aos homens habilidades e sentidos.


Principais criaturas da mitologia nórdica

- Deuses e deusas: deidades superiores.

- Valquírias: deidades menores, servas de Odin.

- Heróis: criaturas que realizavam grandes feitos, pois possuíam poderes especiais.

- Anões: possuíam inteligência superior e muitos tinham a capacidade de prever o futuro.

- Jotuns: gigantes com poderes especiais que quase sempre aparecem em oposição aos deuses.

- Bestas: seres sobrenaturais como, por exemplo, Fenrir (lobo gigante) e Jörmundgander (serpente marinha gigante).

- Nornas: deusas que tinham funções específicas relacionadas ao controle do presente, passado, futuro, sorte, azar e providência.

- Elfos: viviam nas florestas, fontes e bosques. Eram imortais, jovens e tinham poderes mágicos.



Os principais deuses da mitologia nórdica

ODIN

Devido ao seu amor pela batalha, é o principal deus da mitologia nórdica - nascida em países do norte da Europa, como Suécia, Dinamarca e Islândia. Odin é o mais velho e sábio dos deuses. Com só um olho bom, ele vive com dois corvos em seus ombros: Huginn (pensamento) e Muninn (memória), que simbolizam a busca pelo conhecimento.

LOKI

O "Pai das Mentiras" é parte gigante, parte deus. Às vezes é mostrado como irmão de Thor, mas na mitologia tradicional é irmão adotivo de Odin. Tem caráter maligno, mas traz equilíbrio ao panteão dos deuses.

FRIGG

Mulher de Odin, a deusa da fertilidade veste um manto que parece com as nuvens - e que muda de cor de acordo com seu humor. Representa a feminilidade e era invocada pelas mulheres nos partos.

HEL

Filha de Loki com uma gigante de gelo, é a deusa de Niflheim, a terra dos mortos. Descrita como uma figura de feições sempre sombrias, é viva da cintura para cima e morta da cintura para baixo.

THOR

O deus do trovão, é filho de Odin com outra deusa (Fjorgyn). Muito forte, tem como arma um martelo mágico. É o grande guerreiro dos deuses contra seus principais inimigos, os gigantes de gelo.

BRAGI

Filho de Odin com uma gigante, é o porta-voz e mensageiro dos deuses. Bom de "discurso", tem o nome citado nos brindes que antecedem a narração de grandes histórias.

TYR

Filho de Odin e Frigg, tem força e coragem, e lidera os deuses nas batalhas. Sacrificou uma das mãos para o lobo Fenrir (filho de Loki) para manter a paz entre os deuses após mais uma das brigas entre eles.

BALDER

Outro filho de Odin e Frigg, é o mais belo, misericordioso e justo dos deuses. Espalha paz onde quer que ande. Por ser o deus mais amado e popular, tornou-se um dos alvos preferidos das intrigas de Loki.

NJORD

Protetor dos navegadores, escolheu viver em Asgard após firmar uma paz com Odin. Os que o adoram navegam tranqüilos e têm boa sorte no nascimento dos filhos.

SKADI

Skadi foi para Asgard para se vingar da morte do pai, um gigante. Temendo um confronto, os deuses colocaram os olhos do pai dela como estrelas no céu e lhe ofereceram Njord como marido.

FREYA

Filha de Njord e Skadi. Deusa do amor e da luxúria, é uma mulher sensual. Amante de magia e feitiçaria, ela pode tomar a forma de um pássaro para viajar ao mundo dos mortos e trazer profecias.

FREYR

O irmão de Freyja é o deus da abundância. Decide quando a chuva cai, dá fartura aos frutos da terra, e é invocado na paz e na prosperidade. Possui um barco capaz de carregar todos os deuses.

FORSETI

O deus da justiça é filho de Balder e define as disputas entre os deuses e os humanos. Na mitologia, nunca falhou em um acordo. Falando por horas a fio, sempre convence os deuses pelo cansaço.

 

A criação do mundo segundo a mitologia nórdica 

De acordo com a mitologia nórdica, no início, antes do despertar dos deuses, havia apenas um grande precipício vazio chamado Ginnungagap. Ao norte do vazio estava a região de névoa e gelo chamada Nifleheim, e ao sul a região de fogo Muspelheim. No meio de Nifleheim corre Hvergelmir, uma cascata de onde saem onze rios conhecidos coletivamente como Elivagar. Conforme estes afastavam-se de sua fonte até as bordas do Ginnungagap, o frio congelou suas águas e vapores transformando-os em gelo e neve. Quando as labaredas de Muspelheim encontraram-se com os Elivagar, o calor derreteu o gelo e formou um grande gigante de gelo, Ymir. Enquanto ele dormia, o suor de seu corpo formou o primeiro de sua prole de gigantes de gelo glacial. Tempos mais tarde, o derretimento do gelo criou uma vaca chamada Audhumla, e de seu ubere corriam quatro rios de leite, de onde se alimentavam Ymir e seus filhos. Para se alimentar, a vaca lambia as pedras de gelo salgado, e após três dias ela descobriu no gelo um homem forte e esbelto chamado Buri. Buri casou-se com uma das filhas de Ymir e teve um filho, Bor, que teve três filhos com outra donzela gelada, chamados Odin, Vili e Ve, os primeiros Aesires. Logo que os gigantes tornaram-se cientes dos deuses eles começaram uma guerra, que acabou quando os três deuses mataram Ymir, cujo sangue afogou todos os gigantes de gelo exceto Bergelmir, do qual teve origem uma nova raça de gigantes de gelo. Odin e seus irmãos carregaram o corpo de Ymir para fora do Ginnungagap e fizeram a Terra de seu corpo e as rochas de seus ossos. Pedras e cascalho originaram-se dos dentes e ossos esmigalhados do gigante morto, e seu sangue preencheu o Ginnungagap, dando origem aos lagos e mares. A abóbada celeste foi formada de seu crânio esfacelado. Dos parasitas do corpo de Ymir, eles criaram os anões, e quatro anões chamados Nordri, Sudri, Austri e Vestri sustentam o crânio de Ymir. Do cabelo de Ymir formou-se a flora, e de seu cérebro originaram-se as nuvens. Tições de Muspelheim foram colocados no céu, e assim surgiram as estrelas. A Terra era um grande círculo rodeado pelo oceano, e os deuses haviam construído uma grande muralha a partir das pestanas de Ymir, que circundavam este local que eles nomearam Midgard. Uma enorme serpente chamada Jormungandr, a Serpente de Midgard, rodeia toda a extensão do círculo da Terra, devorando qualquer homem que queira sair de Midgard. Após isso, Odin e seus irmãos criaram o lar dos deuses, Asgard a Cidade Dourada. Em seguida Odin criou mais deuses, os Aesires, para povoar Asgard. Um outro grupo de deuses, os Vanires, surgiu exatamente antes ou após os Aesires. Suas origens são muito misteriosas, mas eles parecem povoar Vanaheim, uma terra próxima de Asgard. Os Aesires são claramente deuses da guerra e do destino, enquanto os Vanires aparentam ser deuses de fertilidade e prosperidade. Por um longo tempo uma terrível guerra ocorreu entre estas duas raças divinas, causada pelo rapto de uma Vanir, Gullveig, que guardava o segredo de criar riquezas, fato este que atiçou a cobiça dos Aesires. Nenhum dos lados parecia próximo de alcançar a vitória. A paz foi finalmente arranjada quando os dois grupos concordaram em trocar reféns. Os Vanires mandaram Njord e seus filhos gêmeos Frey e Freya para viver com os Aesires, e estes mandaram Hoenir, um homem grande que eles disseram ser um de seus melhores líderes, e Mimir, o mais sábio dos Aesires, para viver com os Vanires. Os Vanires ficaram desconfiados de Hoenir, acreditando que ele era menos capaz do que os Aesires disseram e percebendo que suas respostas eram menos autoritárias quando Mimir não estava presente para aconselhá-lo. Quando eles perceberam que haviam sido trapaceados, os Vanires cortaram a cabeça de Mimir e mandaram-na de volta aos Aesires. Aparentemente, os Aesires consideraram isto como um preço justo por terem enganado os Vanires, pois os dois lados permaneceram em paz. Com o passar do tempo, as duas raças foram se integrando e tornaram-se grandes aliadas. Após estabelecerem controle sobre Asgard, Odin criou o primeiro homem, Ask, de um freixo e a primeira mulher, Embla, de um olmo. Odin deu a cada um dos dois um espírito, Hoenir presenteou eles com seus cinco sentidos e a habilidade de se mover, e Lodur deu a eles vida e sangue.

 

O Mundo Nórdico

Yggdrasil, a árvore da vida, tem três níveis

ASGARD

É onde vivem quase todos os deuses. A paz por lá só reinou após muito quebra-pau entre eles. Asgard é cheia de grandes salões, como o grandioso Valhalla, salão de Odin.

MIDGARD

Os humanos vivem aqui. Midgard é cercada por um vasto oceano e é ligada a Asgard pela Bifrost, uma ponte em forma de arco-íris vigiada pelo deus Heimdall.

JOTUNHEIM

Região dentro de Midgard habitada por gigantes, raça que vive em conflito com os deuses. Lá fica uma fortaleza chamada Utgard, palco de várias aventuras de Thor.

NIFLHEIM

O terceiro e último nível é o domínio dos mortos. É um local gelado, onde a noite não tem fim e aonde os homens de mau caráter são enviados após a morte.

 

Os principais heróis da mitologia nórdica:

- Beowulf: guerreiro que venceu o dragão e o grande monstro Grendel.
- Siegfried: personagem épico na saga dos Volsungos.
- Grendel: monstro que foi derrotado por Beowulf.
- Volsung: personagem rei.
- Erik, o vermelho: descobridor da Groelândia.

 

Brisingamen (Colar de Freya)

Na mitologia nórdica, Brisingamen é um colar da deusa da beleza e do amor Freya. Os poucos que o viram juraram que é o artefato o mais bonito sobre o qual já colocaram os olhos. O menos que o desgastaram adquirem um encanto nenhum homem ou deus podem suportar. Os anões Alfrigg, Berling, Dvalin e Grer são quatro irmãos mestres-ferreiros que forjaram o Brisingamen. Esse colar podia ser usado tanto no pescoço como também na cintura. Para consegui-lo a deusa do amor passou uma noite com cada um dos anões, como é narrado de forma completa na Sottr Thattr, escrita por cerca do ano 1400. Freyja teve o seu colar roubado por Loki. Ele se escondeu em Dreun, lugar onde os mortos ficam e somente os deuses podem ir e depois retornar. Lá escondeu a jóia para que Freyja nunca a encontrasse. Hearhden, o poderoso ferreiro dos deuses, ficou muito abalado com toda a história, já que todas as almas partilhavam da tristeza de Freyja e a escuridão estava em torno dela. Ele decide ajudá-la. Ele recuperou a jóia e devolveu a ela. Quando ela foi sair de Dreun, Hulda não deixou. Para que ela pudesse partir, ela teria que dar algo dela para Hulda. Por não querer se livrar da sua tão preciosa jóia, Freyja fez um trato com Loki. O contrato dizia que o Brisingamen ficaria durante seis meses com Freya e Loki ficaria com ele durante os outros seis meses do ano. Enquanto Loki fica com Brisingamen, Freya fica angustiada e cai novamente em desespero, trazendo mais uma vez a escuridão a sua volta. Para esconder suas lágrimas, toda luz, toda vida e todas as criaturas se juntam a  ela em seu terrível destino. Por isso que, na metade da roda do ano, quando Loki está com o Brisingamen, Freyja fica desesperada, a escuridão desce e o mundo torna-se frio e gélido (inverno). Na outra metade do ano, quando Freya recebe novamente sua jóia, não há limites para sua felicidade, então a escuridão é substituída pela Luz e o mundo torna-se quente mais uma vez (verão).

 

Guerreiras de Odin: As Valquírias na Mitologia Viking

“[...] a figura da valquíria: ela é matadora de homens – em sua qualidade de mensageira de Odin, é bem verdade, e de executante de suas crenças – mas é, ao mesmo tempo, uma sedutora: não há quem resista a seus encantos propriamente mágicos” (Régis Boyer, Mulheres viris, 1997b).

No resgate e na popularização da mitologia nórdica, poucas narrativas fascinam tanto como o mito das valquírias (valkyrjor, singular – valkyria). Celebradas pela música wagneriana, pela literatura, pelo cinema e até mesmo pelas histórias em quadrinhos, as guerreiras de Odin ocupam um lugar especial em nosso imaginário  sobre a cultura dos vikings . Mas até que ponto essa nossa contemporânea, construída pela arte oitocentista , corresponde ao que os escandinavos imaginam originalmente? Qual o papel das valquírias para a religião e a sociedade nórdica? Nossa principal hipótese é a de que o mito das valquírias esteve vinculado a certos fatores sociais relacionados com a aristocracia e a realeza, com finalidades de legitimação dos poderes políticos e sociais dessas mesmas classes. A metodologia adotada são as teorizações do historiador francês Régis Boyer. Influenciado pelo mitólogo Georges Dumézil, Boyer aplica a teoria da tripartição social dos povos de origem indo-européia especificamente para os estudos da religião escandinava. A concepção cósmica de mundo, os rituais e as divindades seriam concebidos em termos de ordem social. Para Régis Boyer, os mitos e outros cultos nórdicos foram construídos gradativamente por acréscimos sucessivos. Essa concepção diacrônica também será adotada, bem como pesquisas demonstram as influências culturais estrangeiras no processo de formação religiosa dos vikings (DUBOIS, 1999; DAVIDSON, 1988). A sociedade nórdica estava originalmente dividida em duas grandes categorias: a dos homens livres (karls) e a dos escravos (thrall). A maior parte da população livre era constituída de fazendeiros (bóndi, - plural- boendr), que também se dedicava ao comercio, à navegação e à guerra. A aristocracia hereditária (jarl) constituía o pequeno grupo que mantinha seus privilégios nas comunidades, especialmente nas assembleias gerais (things) e nos vínculos com a corte real (hird). Toda a politica e o suporte militar eram definidos pelo chefe local (lendrmadr, membro da aristocracia), mas a autoridade absoluta era centrada no rei (konungr), que também exercia o papel de principal sacerdote publico. A maioria da população livre era adepta dos cultos ao deus rórr e aos vanes (entidades relacionadas à fertilidade, especialmente Freyr e Freyja).A aristocracia e a realeza perpetuavam especialmente os rituais ao deus principal do panteão germano-escandinavo, Odin (“fúria”), ao qual o mito das valquírias estava intimamente relacionado. A palavra original do nórdico antigo, valkyrja, significa “ a que escolhe os mortos” (BOYER, 1997ª, p.164). Entidades sobrenaturais relacionadas diretamente com marcialidade, e sua associação com o destino dos guerreiros mortos na batalha remetem a uma tradição mítica muito anterior aos vikings, vinculada aos antigos germanos. Na literatura anglo-saxã do século VIII surge o termo warlcyrge (a que escolhe os mortos). Hilda Davidsons e Régis Boyer apontam três e Brian Branstson quatro fases  nas imagens das valquírias, mas todas possuindo aspectos relacionado à batalhas, ou seja, de entidades femininas ligadas a conflitos.

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